No dia 22 de março, os trabalhadores deram um importante passo. O dia nacional de mobilizações convocado pelas centrais sindicais colocou a nossa classe em movimento contra a reforma da Previdência. Com atos unitários em mais de 120 cidades, atividades nos locais de trabalho e paralisações, principalmente dos trabalhadores da educação, podemos dizer que foi um dia de luta vitorioso. No entanto, muito ainda precisa ser feito para que os trabalhadores assumam o protagonismo necessário para derrotar esta reforma e até mesmo para reverter a relação de forças desfavorável que estamos vivendo. Por isso, assume grande importância neste momento o debate sobre os próximos passos para mobilizar a nossa classe.
O governo Bolsonaro vive um mau momento. Sua popularidade, de acordo com pesquisa Ibope divulgada no último dia 20, caiu 15 pontos de janeiro a março. É a pior taxa já registrada para um presidente eleito em início de mandato. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, tem atacado abertamente a falta de articulação política do governo, afirmando que a responsabilidade por conseguir os votos para a aprovação da reforma é dele, Bolsonaro, e não do Congresso. A crise entre Maia e Bolsonaro ameaça a reforma e preocupa a burguesia. Na última terça-feira (26), os deputados mandaram um recado claro ao presidente, votando por esmagadora maioria, com apenas três votos contrários, a PEC do Orçamento impositivo, que eleva o percentual de gastos obrigatórios do governo, diminuindo a margem de manobra do Executivo.
Neste cenário, em que aumenta a dificuldade do governo para aprovação da reforma, a classe trabalhadora precisa aprofundar sua mobilização. Em 2017, na organização da luta contra a reforma da Previdência de Temer, pudemos ver o preço que cobrou a demora das centrais em marcar um novo dia nacional de lutas após a bem sucedida greve geral de abril. Houve um refluxo na luta dos trabalhadores e a reforma somente não foi aprovada devido aos escândalos da delação da JBS envolvendo o então presidente Temer.
Agora, não podemos cometer o mesmo erro. Apesar de vitorioso, o dia 22 ainda não colocou a classe trabalhadora como protagonista da conjuntura. Ainda não alcançamos sequer o grau de mobilização de abril de 2017. Temos a oportunidade de aproveitar a crise no campo do adversário para que nosso time avance. As centrais sindicais, reunidas no dia 26/03, apontaram iniciativas importantes, como o lançamento de um abaixo assinado nacional a partir do dia 03/04, ação dos dirigentes sindicais junto aos parlamentares no aeroporto de Brasília em 09/04 e a confecção de uma cartilha, explicando aos trabalhadores os prejuízos que a reforma da previdência trará. Também os atos unificados de 1º de Maio que se pretende construir em todo o país serão um importante momento da luta contra a reforma.
É necessário um novo dia nacional de mobilização
Mas estas iniciativas, apesar de muito importantes, são insuficientes. As centrais sindicais têm sido unânimes em afirmar o objetivo de construir uma greve geral, necessária para barrar a reforma. Mas, para termos condições de parar o país, é preciso acumular forças, com mais mobilizações nas diversas categorias. Por isso é um erro não apontar imediatamente um novo dia nacional de mobilização.
Os trabalhadores da educação estão mostrando o caminho. Foram a vanguarda no dia 22, paralisando suas atividades em diversos estados pelo país. De 22 a 26 de abril, farão uma semana em defesa da educação pública, com um Dia de Mobilização Nacional contra a Reforma da Previdência, Rumo à Greve Geral, em 24/04. Em São Paulo, o dia de paralisação será em 26/04. Além destas datas, a CNTE está indicando para as centrais sindicais a construção de uma greve geral no país no dia 15 de maio.
As centrais sindicais precisam assumir o 24 de abril como um dia nacional de mobilizações e paralisações de toda a classe trabalhadora, trabalhando para construir um dia de greve geral em 15 de maio.
Junto a isso, é preciso ampliar a campanha na base contra a reforma da Previdência, disponibilizando para isso toda a estrutura material das centrais, sindicatos e movimentos sociais. Precisamos coletar milhões de assinaturas no abaixo assinado contra a reforma, com banquinhas nas principais praças, estações de trem, terminais de ônibus, locais de trabalho, estudo e moradia.
Para organizar essa luta em todo o país, as centrais sindicais estão orientando a formação de Comitês em Defesa da Previdência Social e da Aposentadoria, que articulem o movimento sindical e os demais movimentos sociais. É fundamental um espaço que unifique as iniciativas das centrais sindicais e das Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular na luta contra a reforma.
O Fórum em Defesa dos Direitos e das Liberdades Democráticas também pode cumprir um importante papel na garantia de um forte dia nacional de paralisações no setor da educação e na ampliação deste dia de luta, envolvendo outros setores.
Os próximos dias serão determinantes para o futuro da classe trabalhadora. Estão em jogo direitos fundamentais, como o direito à aposentadoria. Nosso time é muito forte e entrou em campo. A classe trabalhadora percebe que a Reforma da previdência é um ataque. Precisamos agora que as organizações dos trabalhadores estejam à altura do desafio que a realidade nos apresenta.
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