Defender a liberdade ou o nazismo?
Publicado em: 15 de agosto de 2017
Após a manifestação de nazistas e supremacistas brancos em Charlottesville, Virgínia, do dia 12 de agosto, surgiu uma polêmica em torno da defesa da liberdade de expressão: defender ou não o direito dos nazistas se manifestarem? De fato, se utilizássemos uma lógica mecânica, diríamos que todos têm direito à liberdade de expressão, inclusive os nazistas. O problema lógico é que nazismo é o antagonismo da liberdade. A única forma de garantir a liberdade das mulheres, dos negros, das LGBTs, dos imigrantes, indígenas e pessoas com deficiência é combater, sem reservas, o nazismo.
O nazismo e o fascismo são ideologias nacionalistas, totalitárias e eugenistas. Isso significa defender, a partir de um evolucionismo vulgar e tacanho, que existem raças humanas superiores e inferiores e que precisam se confrontar para que as superiores prosperem sobre as inferiores. A raça “superior”, segundo essas ideologias, é a branca. No caso do nazismo, a “raça ariana” é a superior entre as pessoas brancas.
O fascismo prega que se deve marginalizar as “raças inferiores” para que as “raças superiores” prosperem, utilizando a violência como meio. O nazismo vai além: não basta marginalizar, é preciso exterminar todos os povos “inferiores”. O fascismo mata para chegar e permanecer no poder, o nazismo chega ao poder para exterminar.
Para essas e outras ideologias fascistóides, é absolutamente natural que, na nossa sociedade, as posições de comando sejam quase sempre ocupadas por homens brancos, heterossexuais e cisgêneros. Isso viria da ideia falsa de que essas pessoas “subiram na vida” porque são naturalmente superiores. Assim, tais ideologias reforçam o senso comum e o leva ao extremo, justificando a violência e o assassinato em massa de todas as pessoas ditas “inferiores”.
É óbvio, portanto, que essas ideologias são absolutamente contrárias a qualquer ideal de liberdade. Quanto mais o fascismo se espalha, mais longe estaremos de qualquer liberdade, porque liberdade significa o fim da opressão contra as mulheres, as LGBTs, pessoas negras, imigrantes e pessoas com deficiência. Alguém poderia, entretanto, argumentar que podemos combater o nazismo com argumentos, mas isso é uma inverdade: não existe diálogo com quem prega literalmente nos exterminar.
Diante deste fato, é um absurdo que alguém veja as marchas fascistas e as antifascistas como “dois lados da mesma moeda”, como “uma briga entre radicais” com “violência de ambos os lados”. É um absurdo que o próprio governo fique parado enquanto as marchas nazistas acontecem. Pregar o fascismo ou o nazismo é crime e assim deve ser tratado.
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