Depois do resultado eleitoral de domingo, fica nítido que há um ponto fora da curva no cenário nacional. Assistimos preocupados o fortalecimento do PSDB em todo o país, em especial a influência do governador de São Paulo Geraldo Alckmin e a simbólica vitória de João Dória na capital paulista. Também saíram fortalecidos PMDB, PP, DEM e outros partidos da sustentação do governo golpista de Temer. Por tudo isso, ganha muito importância o resultado do Rio Janeiro, que serve como alento nesse turbilhão. Diante do avanço da direita, o peso que a candidatura de Freixo teve nas eleições do Rio é um fato de importância internacional. Expressa que muitos trabalhadores e jovens estão simpáticos a uma saída pela esquerda à crise atual.
Uma campanha feita com apenas 11 segundos de TV e nenhuma aliança com partidos da ordem, de recorde no financiamento coletivo e comícios que lotaram as praças da cidade, conseguiu derrotar o PMDB de Eduardo Paes e Pedro Paulo, logo após a realização das Olimpíadas, e chegar ao segundo turno. Contrariando as pesquisas, Freixo conquistou 553.424 votos, 18,36%, contra 842.201 de Crivella (PRB), 27,78%. Pedro Paulo (PMDB) ficou abaixo com 16,12%, Bolsonaro (PSC) 14%, Osório (PSDB) e Índio da Costa (PSD) com pouco menos de 9% e Jandira Feghali (PCdoB), 3,34%. PSOL, ainda, conquistou a segunda maior bancada na Câmara dos Vereadores, com 6 eleitos, perdendo apenas para o PMDB que elegeu 10.
Em meio à crise política e econômica que o Brasil se encontra, a campanha de Marcelo Freixo ganha uma centralidade nacional. Não só pela polarização entre um programa de esquerda para a cidade contra o projeto ultra conservador da direita e da Igreja Universal, mas para fazer do Rio uma trincheira da resistência aos ataques de Temer. Passadas as eleições, o Congresso vai tentar aprovar a Reforma da Previdência e a escandalosa PEC 241. Já são 12% de desempregados no país. Projetos reacionários, como Escola Sem Partido e Reforma do Ensino Médio, ganham força junto aos seus mais bizarros representantes, como a família Bolsonaro. Aliás, importante registrar que o vereador mais votado do Rio de Janeiro foi Carlos Bolsonaro com 106.657 votos, alcançando 3,65%.
Mas o destino dos trabalhadores será decidido nas ruas e a resistência das ruas ainda não está à altura do desafio. É preciso que a campanha de Freixo sirva como ponto de apoio para este enfrentamento. Sejamos categóricos na campanha de Freixo: é possível, com um programa de enfrentamento ao grande capital, fazer com que os grandes empresários, os banqueiros e os latifundiários paguem pela crise. É essa coerência e firmeza que nos dará força pra ganhar.
Soma-se a isso a descrença nos partidos tradicionais, corruptos que se revezam no poder, que também é uma marca internacional das lutas da juventude e dos trabalhadores. O PT cumpriu um papel nefasto em frustrar a expectativa de gerações de brasileiros. Educou os trabalhadores na ideia de que era possível governar para todos, apresentou a política institucional como única possível, reforçou a lógica da governabilidade e, de construir governos apoiados nas Câmaras e do Congresso Nacional. Perdeu a estratégia das mobilizações e organização dos trabalhadores. Este caminho não podemos repetir.
A ofensiva da direita, aliada à grande mídia e ao judiciário, busca desmoralizar não só o PT, mas o conjunto da esquerda. Por isso o caminho deve ser romper totalmente com as fórmulas da velha política. Freixo pode demonstrar que os verdadeiros aliados de seu futuro governo serão os trabalhadores, o povo unido, os comitês de bairro, os movimentos sociais, as assembleias em praça pública, as lutas dos oprimidos. Essa é a forma de superar a experiência do petismo pela construção de algo verdadeiramente novo, que inspire as pessoas em acreditar que, pela ação organizada dos trabalhadores é possível vencer a direita e construir um futuro diferente para o Brasil.
A campanha deste segundo turno no Rio pode ser um ponto de resistência. Somemos esforços para isso. Vamos para rua fazer campanha.
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