Nesta quinta-feira (28), o presidente Bolsonaro recebeu em Brasília, a título de visita pessoal, o presidente de si-mesmo, Juan Guaidó, deputado do partido direitista e neoliberal, Vontade Popular.
Juan Guaidó se autodeclarou, em 23 de janeiro, presidente interino da República Bolivariana da Venezuela, numa articulação descaradamente promovida por Donald Trump e governos de direita do Cone Sul.
A autonomeação de Guaidó rapidamente se revelou ao mundo como o primeiro passo de um plano golpista contra a Venezuela e o governo Maduro, sob o manto de uma mentirosa “ajuda humanitária”.
O fato de o governo brasileiro formar parte de uma coalizão liderada pelos EUA para agredir a soberania de um país vizinho deve ser motivo da mais efetiva oposição. Bolsonaro, ao receber a marionete de Trump, o farsante Guaidó, atesta seu papel de vassalo do governo norte-americano e submete o Brasil a um dos mais tristes e perversos papeis desempenhados no continente em nossa história recente.
O fracasso do dia D
A mentirosa “ajuda humanitária”, na realidade a tentativa de invasão do território venezuelano, foi um fracasso total.
No dia 23 de fevereiro, apesar de todas as reportagens fabricadas pela grande mídia, revelou-se facilmente como uma montagem mal organizada nas fronteiras da Colômbia com a Venezuela por mercenários com o apoio de algumas dezenas de pessoas inocentes instrumentalizadas por Guaidó e seus patrões do imperialismo norte-americano e da Colômbia.
A derrota da vergonhosa tentativa de violação do território do país vizinho teve como protagonista a mobilização cívico-militar do povo venezuelano contra o golpe que, tanto em Caracas como nas cidades médias, mobilizou grandes multidões de pessoas num “mar vermelho” em defesa da soberania nacional.
A derrota da operação golpista do dia 23 fez recuar até mesmo o Grupo de Lima, coalização de governos formada por países da América Latina, cuja maioria está alinhada e submetida ao Estados Unidos. Numa reunião após a derrota da farsesca “ajuda humanitária”, o Grupo de Lima se posicionou contra uma intervenção militar.
Abaixo o bloqueio assassino de Trump!
O boicote econômico norte-americano, aprofundado pelo governo Trump, tem sido um crime contínuo de lesa-humanidade contra o povo venezuelano. O bloqueio impede, por exemplo, o país de ter acesso aos ativos financeiros resultantes das exportações petroleiras e às reservas em ouro do país. Desta forma, o boicote impede a compra de medicamentos e alimentos pelo governo venezuelano e até mesmo pelos grupos privados que necessitam de divisas em dólar para as operações internacionais.
É preciso respeitar a soberania da Venezuela sobre seus recursos e riquezas, por isso defendemos que o bloqueio econômico seja totalmente suspenso e que o patrimônio da PDVSA e os ativos da Venezuela sejam devolvidos ao controle do governo venezuelano.
A melhor saída humanitária para a Venezuela, se se quer realmente fazer chegar alimentos e remédios para o povo, é realizar o desbloqueio imediato e total dos ativos nacionais que se encontram sequestrados pelos bancos e governos imperialistas. Afinal, as estimativas indicam que o boicote já gerou prejuízos da ordem de mais de R$ 30 bilhões de dólares para economia.
O perigo do golpe “democrático”
Consideramos como um grave erro propor “eleições gerais” ou “presidenciais”, como fazem alguns setores da esquerda que defendem “nem Maduro nem Guaidó”. Por uma razão simples: não existe, neste momento, quaisquer organizações populares de massas que possam suplantar o governo atual pela esquerda.
A defesa da queda “democrática” de Maduro, num contexto de ofensiva do imperialista, significa, na prática, fazer unidade de ação com a direita venezuelana (MUD) e os setores imperialistas, e não com as massas populares que, diante da agressão externa, se perfilam coletivamente em defesa da soberania e das conquistas sociais do processo bolivariano.
Assim, estamos em unidade de ação completa em defesa da soberania da Venezuela e pela derrota do imperialismo em suas ações econômicas, diplomáticas e militares contra o governo Maduro para atingir o povo venezuelano.
A nossa intransigente posição contra a tentativa de golpe imperialista em curso não significa qualquer apoio político ao governo de Maduro. Sabemos dos limites políticos e estratégicos do chavismo, que não avançou na ruptura com o capitalismo, bem como denunciamos práticas antidemocráticas do governo contra mobilizações e organizações de esquerda independentes, como foi o caso da repressão desencadeada contra a manifestação de professores universitários no dia 18 de fevereiro em Caracas. É preciso exigir de Maduro a garantia das liberdades democráticas de todas organizações populares, operárias e de esquerda.
Colocamos também a necessidade de serem tomadas profundas medidas anticapitalistas naquele país, como a expropriação do Grupo Polar e do sistema financeiro, visando a planificação total da economia e o monopólio do comércio exterior. Assim, seriam criadas as condições para iniciar um programa de substituição de importações apoiada num processo de industrialização para produção em massa de bens de consumo, alimentos e medicamentos.
Por outro lado, vemos que a derrota de Guaidó em sua farsa “humanitária” não pode fazer desmobilizar a esquerda latino-americana, que deve estar em vigília total, visto que o imperialismo não desistiu de substituir o governo de Maduro pela força ou pela pressão. Nestes termos, agora mais do que nunca, é necessária a solidariedade internacional em defesa da soberania da Venezuela e pelo fim definitivo do boicote econômico.
Formemos comitês unitários de apoio ao povo venezuelano! Fora Guaidó do Brasil! Abaixo o golpe imperialista! Nenhum acordo com o fantoche do governo Trump!
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