Greve dos petroleiros: avançar até derrubar Pedro Parente, política de preços e privatização da Petrobras


Publicado em: 31 de maio de 2018

Movimento

Por Pedro Augusto, de Mauá, SP

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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Os petroleiros estiveram atentos ao clamor contra o preço dos combustíveis, impulsionado pela greve dos caminhoneiros, e iniciaram, na quarta-feira, a greve nacional da categoria. Desde a sexta-feira da semana passada (24), já era nítida a intensificação das mobilizações, com cortes de rendição nas refinarias REFAP (Canoas/ RS), na REGAP (Betim/ MG), na RPBC (Cubatão), REVAP (São José dos Campos/ SP) e nos terminais de Alemoa e Pilões (Santos/ SP).

Mas foi principalmente a iniciativa do comando de greve formado pelos trabalhadores da REFAP de apoio ativo à greve dos caminhoneiros, tendo à sua frente a oposição à direção do sindicato, o próprio sindicato e os trabalhadores da base, que permitiu o início dos cortes de rendição que deram confiança para a categoria dar os próximos passos.

Por tudo isso, a categoria entendeu que a antecipação da greve contra a política de preços poderia servir para oferecer a saída que realmente atenderia à reivindicação dos caminhoneiros pela redução do preço do diesel, mas que seria capaz de unificar toda a população, pois também acarretaria na redução do preço do gás de cozinha, da gasolina, e ainda serviria para denunciar que esses preços estavam a serviço da entrega da Petrobras ao mercado internacional.

Temer, Pedro Parente, judiciário e Exército unidos para reprimir a greve
Nos dias que antecederam a greve e durante o movimento, o Exército começou a montar acampamento dentro das refinarias, começando pela REVAP, mas estendendo-se para a REPLAN (Paulínia/ SP), REPAR (Araucária/ PR), REFAP, REDUC (Duque de Caxias/ RJ), RLAM (Mataripe/ BA), numa nítida tentativa de intimidar a greve que era iminente

Já na véspera da greve (29), a ministra do Tribunal Superior do Trabalho atendeu ao pedido de liminar feito pela Advocacia Geral da União, e pela direção da Petrobras, declarando a greve dos petroleiros como ilegal e abusiva antes mesmo dela começar.

Utilizando o argumento respaldado pela inconstitucional Lei de Greve, de que a greve era política, criminalizou a greve e os sindicatos representantes da categoria, com multa de R$ 500 mil por dia, podendo chegar a até R$ 1,5 milhão por dia caso a greve afetasse a produção. Não contente, elevou a multa para R$ 2 milhões por dia já no dia seguinte (30), podendo chegar a R$ 6 milhões por dia, alegando descumprimento da ordem legal, responsabilizando as lideranças sindicais pelo descumprimento, e autorizando investigação da Polícia Federal contra os dirigentes caso a greve persistisse.

Para completar o quadro da repressão, a Petrobrás iniciou na Quarta-feira a entrega de cartas convocando os trabalhadores em suas casas para o retorno ao trabalho de forma sumária, num evidente assédio buscando impedir a participação dos trabalhadores na greve.

Esse conjunto de medidas escancara a escalada repressiva que atravessa o país, e também a legislação de greve que, na prática, tratam-se de leis anti-greve.

Categoria inicia suspensão da greve após indicativo da FUP
Na noite de quarta-feira (30), algumas bases definiram pela suspensão do movimento, preocupados com a criminalização da greve    . Nessa mesma noite, a FUP indicou que as suas bases avaliassem em assembleia a proposta de suspensão da greve a partir da manhã de Quinta-feira (31). A maior parte das bases aprovaram o indicativo, assim como as bases da FNP também iniciaram a reavaliação do movimento e a suspensão da greve.

Primeiras lições e próximos passos da luta
A primeira lição que os petroleiros podem se orgulhar foi a sua capacidade de interferir na pauta política do país. O apoio da categoria à greve dos caminhoneiros, assim como a própria greve dos petroleiros, permitiu como em nenhum outro momento associar o preço que a população paga pelos combustíveis com a política de privatização da Petrobrás e a defesa da soberania do Brasil. A imagem de Pedro Parente como exemplo de gestor também está fortemente questionada, tornando o “Fora Parente!” uma palavra de ordem com apelo popular.

Por outro lado, ficou evidente que não será possível organizar uma greve nacional à altura de enterrar de vez a política de preços da direção da Petrobrás e de Temer, assim como a privatização da empresa, sem um comando de greve nacional e políticas muito mais avançadas de participação e envolvimento da base na preparação e condução do movimento.

A FUP, como direção da maioria dos sindicatos petroleiros, tem a responsabilidade de atender aos chamados da FNP para formar um comando nacional de mobilização, com participação ativa da base, a exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Sul.

O governo Temer carece de qualquer legitimidade política, tendo como a sua única arma lançar mão da repressão, seja através da intervenção militar, da arbitrariedade da justiça, assim como através de ameaças de punição dos trabalhadores. Por isso, é fundamental forjar a mais ampla rede de apoio dos movimentos sociais e ampliar a comunicação com a população de conjunto, para que se intensifique a solidariedade ativa aos movimentos da categoria.

Dia 7 de junho é dia de luta dos petroleiros e deve tornar-se um dia nacional de mobilização
Os petroleiros não podem perder um dia sequer na continuidade da mobilização da categoria. Na próxima quinta-feira (07), o governo Temer vai dar sequência à entrega do pré-sal e vai realizar um leilão de campos de petróleo naquela que é uma das maiores províncias petrolíferas do mundo.

Por esse motivo, esse dia já é parte do calendário de luta da categoria, mas deve ser assumido pelos movimentos sociais, partidos de esquerda e pelas Frente do Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular como um Dia Nacional de Mobilização, em preparação para um Dia Nacional de Paralisações que unifique os lutadores em torno a uma pauta comum, que já demonstrou capacidade de angariar amplo apoio popular.

Os petroleiros deram um primeiro e importante passo para derrotar a política de preços dos combustíveis e a privatização da Petrobrás, e junto com elas Pedro Parente e o governo Temer. Mas ainda não é o suficiente.

Não há tempo para escolher um momento mais favorável para essa luta, ou tampouco as eleições de um novo congresso e de um novo governo que revertesse os ataques à petrobrás que impactam a vida de toda a população. Será através da greve e da capacidade de atrair o apoio da população para o nosso enfrentamento que seremos capazes de ganhar esse jogo. Não temos tempo a perder.


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