Theresa May bateu recorde nesta terça-feira, 15 de janeiro. Na sessão do Parlamento que votou sua Proposta de Acordo para a saída da União Europeia, o Projeto do Brexit, seu governo foi derrotado por 432 a 202 votos. Esta diferença de 202 votos foi a maior derrota que um governo já sofreu na história do Parlamento, batendo a marca de 166 votos do governo de minoria de Ramsay MacDonald, em 1924.
Logo após o anúncio da derrota categórica do governo, justamente no item central de seu governo e sua atividade prioritária nos últimos dois anos, o líder da oposição Jeremy Corbyn protocolou uma Moção de Desconfiança – a ser submetida ao parlamento já nesta quarta-feira, dia 16. Caso a PM Theresa May seja derrotada e um novo governo não seja montado e aprovado em até quinze dias, seu governo é destituído e novas Eleições Gerais serão convocadas.
Porém, não é provável que Theresa May tenha a mesma derrota que nesta votação. A maioria dos parlamentares rejeita seu projeto de Brexit – seja por não querer a saída da União Europeia, seja por achar que o acordo não leva ao nível desejado de separação – mas se apavora com a perspectiva de antecipação das eleições.
Uma nova eleição, segundo a maioria das pesquisas de opinião, muito provavelmente levaria a um governo de maioria Labour, liderado por Jeremy Corbyn e seu Manifesto “For the Many, not the Few” (“Para a maioria, não para a minoria”). É um programa que, embora não possa ser classificado como socialista, defende o fim das privatizações e a nacionalização de empresas privatizadas, a taxação de grandes fortunas, fim dos cortes nas áreas sociais e o fim das taxas em serviços como educação superior e saúde.
Mas provavelmente, mesmo vencendo a votação da Moção, o governo May ainda estará, para dizer o mínimo, profundamente desgastado. Segundo analistas de diversos canais, ao analisar a derrota colossal de hoje, o governo May já seria um zumbi, sem condições de governabilidade.
É urgente e necessário que, além da pressão no Parlamento, os sindicatos e o Labour Party convoquem – e joguem peso – em manifestações, lutas e greves, para garantir o fim do governo de May e que o país tenha um governo Corbyn que aplique as linhas de seu manifesto, governando de fato para a maioria com uma agenda anti-austeridade e anti-capitalista. Um governo Corbyn com este perfil em um país como a Grã-Bretanha teria, certamente, um impacto positivo nas lutas sociais não somente na Europa, mas em nível internacional.
Fora May – Eleições Gerais Já! Corbyn PM – For the Many, not the Few!
O Labour está em campanha por novas Eleições Gerais – embora não descarte uma futura campanha por um novo referendo caso o governo May ou outro Conservador siga em Westminster ao longo deste processo. Esse debate está presente também na sociedade, nos locais de trabalho e nos movimentos sociais e organizações de esquerda.
Neste momento, o primordial é a unificação das lutas pela saída de May e dos Conservadores do poder e que Corbyn governe sem alianças com a direita para aplicar as políticas do Manifesto. Até mesmo porque, como ficou claro no caso do Syriza na Grécia, em 2015, a União Europeia não é um bloco democrático que apoia agendas anti-austeridade entre seus países membros.
É preciso combater o projeto do acordo de Brexit da direita Tory (Partido Conservador), mas a tarefa do momento é derrubar este governo e garantir novas eleições. Para isso, que não é um objetivo impossível, é necessário ter a firmeza no programa e disposição de luta não apenas no Parlamento, mas principalmente nas ruas, escolas e locais de trabalho de todo o país.
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