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CULTURA

25 anos de Nevermind Sob Minha Visão

Por: Mariana Rio, do Rio de Janeiro, RJ

Nesse dia 24 de setembro, comemoramos 25 anos de Nevermind, disco antológico da banda estadunidense Nirvana. Gostaria de fugir do clichês nesse texto para dizer algo mais pessoal sobre o significado dos 25 anos de Nevermind.

Quando tinha 13 anos, acho que fui grunge, mas como o movimento já tinha acabado fazia muito tempo e estudava num colégio que era um reduto de fãs do Felipe Dylon, não tive muito espaço social para continuar sendo grunge. Até hoje, acho que Nirvana é a banda dos que tem 13 anos. Conversando com alguns colegas ao longo dos anos, minha teoria vem se confirmando.

Nessa idade, cheguei a colecionar várias revistas com pôster do Kurt Cobain. Achava ele bonito e inspirador. O tédio, a apatia e a revolta sem sentido daquele homem adulto tocava fundo no meu coração pré-adolescente suburbana incompreendida. O fato dele ter cometido suicídio era, para mim, algo fantástico. Não queria confessar, mas acho que fui uma menina meio estranha. Naquela época, tinha um gosto macabro por ídolos e todo mundo que admirava já tinha morrido via drogas, ou suicídio.

Quando tinha 13 anos, achava Nevermind incrível. Hoje gosto mais do In Utero. Acho Nevermind um disco ótimo mais pelas letras que variam entre a acidez, o sarcasmo e o sombrio da mente do Kurt Cobain, do que pelo som desafinado. Diferente de uma galera, não acho todas as músicas boas, considero Smells like Teen Spirit super-valorizada e On a Plain e Breed são abaixo da qualidade das outras. As faixas que eu adoro são Come as You Are, In Bloom e Lithium. Mas, o que é mais referência no disco é a capa com o bebê buscando por dinheiro. Considero essa imagem atemporal, foi uma sacada genial, representou bem o espírito da época pós yuppie.

No momento da minha adolescência tive muito tempo vago para ouvir música. Quase todas as minhas referências musicais, principalmente de Rock, são dessa época. Ao longo dos anos, minha percepção musical foi se modificando e refinando. Nevermind foi um paradigma que serviu como modelo para uma indústria musical que tinha perdido a capacidade de criar algo original. Os meninos do Nirvana saíram da obscuridade e pobreza para se tornarem a voz de uma geração que vivia as amarguras do fim da história. Acho a figura de Kurt Cobain fascinante. Pra mim, ele foi um poeta da pós-modernidade, está para o século 20, como Álvares de Azevedo está para o Brasil do século 19.

Hoje, aos 20 e muitos anos, raramente escuto Nirvana, de grunge só escuto Pearl Jam e, às vezes, as músicas antigas do Alice in Chains. Mesmo não ouvindo, tenho um bom sentimento em relação ao Nirvana. A banda foi uma referência musical para mim. Não só eles, mas o movimento grunge, em parceria com a MTV, foram para mim e para centenas de jovens pré-adolescente no fim dos anos 90 e começo de 2000, uma porta aberta para conhecer o mundo do Rock.

Nevermind foi um marco de uma geração anterior à minha. Nesses últimos anos, acho que a obra perdeu a força de grande e definitivo disco. Tem uma galera nova que ainda não foi apresentada ao Nirvana. Acho isso engraçado. Para mim, que nasci uma geração depois do fenômeno do grunge, encontrar o som do Nirvana foi natural. Nesses 25 anos de Nevermind, quero deixar minha gratidão ao Nirvana. Sem eles, estaria até hoje ouvindo Spice Girls e derivações.

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