Faltam 7 dias para o primeiro turno das eleições municipais de 2016. As últimas pesquisas apontam a confirmação do crescimento eleitoral da direita, a crise do PT e um espaço eleitoral minoritário, mas importante, para o PSOL.
Frente ao crescimento eleitoral da direita muitos ativistas do movimento social fazem a seguinte pergunta: qual a melhor candidatura para apoiar nesta reta final para derrotar os candidatos da direita que lideram as pesquisas na maior parte das grandes cidades? Apoiar candidatos do PT aparentemente mais viáveis ou votar nas candidaturas do PSOL, PSTU e PCB?
Defendemos apoio às candidaturas do PSOL, PSTU e PCB que expressem regionalmente a construção do terceiro campo dos trabalhadores alternativo à direita e o PT.
Qual a melhor forma de derrotar a direita?
O fortalecimento da direita no Brasil tem uma história. Não aconteceu por acaso, nem por brilhantismo das forças conservadoras. Foram 13 anos de conciliação de classe, 13 anos de unidade com o pior da política no Brasil: Maluf, Collor, Renan Calheiros, entre outros. Não podemos esquecer que Temer era vice de Dilma Rousseff. A conciliação de classes, expressa nas alianças eleitorais espúrias e no pacto com as empreiteiras, o agronegócio e o capital financeiro, tão exaltada por Lula e os dirigentes do PT, foi a principal responsável pela volta da direita.
O impeachment foi dirigido pela antiga base aliada do PT, particularmente o PMDB. O modelo de alianças do PT continua igual. Depois da manobra parlamentar reacionária que retirou Dilma do governo, o PT está coligado na maioria da cidades com o PMDB. São 648 municípios em que o PT apoia o PMDB nesta eleição.
Esta lógica da conciliação e da governabilidade é útil apenas para os poderosos. Não favorece os “dois lados” como o PT sempre defendeu. A maior prova disso é que a burguesia usou o PT enquanto este foi útil no governo central, e no momento em que precisou tirar, o fez.
Apoiar o PT nestas eleições significa insistir nesse projeto político de conciliação de classes. É hora de superar o petismo pela esquerda.
Construir uma saída pela esquerda
A projeção do PSOL em algumas capitais como o Rio de Janeiro, Belem e Porto Alegre mostra que existe um espaço político para superar o petismo pela esquerda.
Somente a esquerda socialista tem condições e autoridade para derrotar os candidatos da base aliada do Governo Temer. O verdadeiro voto útil é na construção de um projeto alternativo.
Para isso ocorrer as candidaturas do PSOL não podem ceder às pressões do petismo. Isso significa que, apesar de sermos contra o impeachment e denunciarmos as arbitrariedades e a seletividade da Lava Jato, somos contra qualquer aliança política ou eleitoral com Lula e o PT. Nossa tarefa é enfrentar a direita, inclusive admitindo a necessária unidade de ação, sem defender politicamente o PT. É uma tarefa histórica para a classe trabalhadora brasileira a superação do petismo.
Superar não é apenas construir o novo. É aprender com as lições do passado. Precisamos rejeitar as alianças com setores da burguesia em nome da viabilidade eleitoral, romper a lógica das relações espúrias entre políticos e empresários e construir campanhas financiadas com dinheiro dos trabalhadores. Que os amplos acordos sejam da classe trabalhadora com o povo pobre, com os oprimidos e explorados, que são a grande maioria da população do Brasil.
Este projeto não será construído apenas, nem principalmente, nas eleições. Todos os candidatos do PSOL, do PCB e do PSTU devem colocar-se a serviço de uma forte unidade e não medir esforços na linha de frente na luta contra os ataques planejados pelo governo ilegítimo de Temer. Estar na linha de frente da luta contra a direita é decisivo para construir uma alternativa da classe trabalhadora.
Candidaturas como a do Procurador Marcus de Cuiabá, que concorre à prefeitura pelo PSOL, que lidera as pesquisas e defende publicamente um programa de direita na cidade, como a criminalização do aborto e outras pautas reacionárias, são uma vergonha para a esquerda e devem ser retiradas imediatamente. Este filme nós já vimos, não queremos repetir os erros.
Precisamos ir para as ruas e nesta reta final fazer todo esforço para que o espaço crítico ao PT e seu projeto se expresse também eleitoralmente. Especialmente nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre bons resultados podem significar o fortalecimento da esquerda crítica ao PT. Sem repetir os erros do passado, é hora de superar o petismo. Do contrário seremos eternamente vítimas da lógica do “mal menor”.
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