Marcos Pontes, indicado por Bolsonaro para o Ministério de Ciência e Tecnologia, defende cessão do Centro de Lançamento de Foguetes para os EUA
O futuro ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Bolsonaro, o tenente-coronel reformado da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcos Pontes, vem dando várias declarações na grande imprensa a favor de um acordo com o Governo dos EUA para cessão da Base de Alcântara.
Em Alcântara, no Estado do Maranhão, funciona um dos melhores Centros de Lançamento de Foguetes Espaciais do mundo. Entre outros fatores, devido a sua proximidade geográfica com a Linha do Equador, o que reduz muito os custos de operação. Por exemplo, a economia com combustível pode chegar a 30%.
A posição de Pontes, que é também um ex-astronauta, é a mesma de Bolsonaro, que mesmo antes das eleições deste ano já tinha se posicionado, numa entrevista, a favor da entrega do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para o governo estadunidense.
Na verdade, durante o governo de Temer (MDB-SP) já estão em andamento avançado discussões para o estabelecimento de um “Acordo de Salvaguarda Tecnológica” entre EUA e Brasil, que passaria o controle do CLA para o governo estadunidense. As negociações ocorrem em segredo, mas já existem previsões que o Congresso Nacional brasileiro poderá avaliar o referido acordo em 2019.
A eleição de Bolsonaro ampliou a possibilidade de que os EUA passem a controlar o CLA. Bolsonaro não tem nada de patriota, afinal, o presidente eleito vem dando demonstrações de que vai subordinar ainda mais os interesses nacionais aos interesses econômicos e geopolíticos do governo Trump.
Para o governo estadunidense, ter controle sobre a Base de Alcântara é importante não só por suas vantagens econômicas e tecnológicas. Tem grande importância também por sua localização geográfica, próxima à Venezuela e à Amazônia, sendo de grande valor geopolítico e estratégico para os planos do governo Trump para toda a região.
Em defesa da nossa soberania. Não à entrega da Base de Alcântara
Temer, Bolsonaro e Pontes afirmam que o acordo de cessão do CLA para os EUA não fere a nossa soberania. Mais uma grande mentira. A comunidade científica sabe que a cessão só vai beneficiar os EUA, afinal utilizariam as instalações do CLA sem nenhuma contrapartida científica ou tecnológica. Sequer os equipamentos e materiais que futuramente poderão ser utilizados pelos EUA na base poderão sofrer inspeção do governo brasileiro.
A Base de Alcântara fica ainda próxima a maior reserva quilombola do Brasil. E, a depender do possível acordo entre os dois países, os quilombolas podem ver ameaçada parte das suas terras e sofrerem represálias dos novos controladores do CLA.
No início dos anos 2000, os movimentos sociais brasileiros realizaram uma grande campanha política e um plebiscito popular que além de impedir a assinatura da ALCA (um acordo de livre comércio com os EUA profundamente desfavorável aos países latino-americanos) derrotou também a entrega da Base de Alcântara para os ianques. Agora, mais uma vez, a defesa da soberania nacional cairá sobre “os ombros” dos trabalhadores, da juventude e do conjunto dos explorados e oprimidos. Será ainda mais necessária uma grande campanha contra a entrega de Alcântara, começando desde já e se intensificando em 2019.
A luta em defesa do CLA não é uma tarefa apenas dos trabalhadores do Maranhão ou dos Quilombolas de Alcântara, ela deve ser realizada por todo o povo brasileiro. É tempo de resistência!
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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