Por: Artemis Martins, de Fortaleza, CE
No momento em que Michel Temer, presidente ilegítimo do PMDB, faz apelo para que os professores do Brasil não paralisem sua atividades – ele pede que todos permaneçam em sala de aula no próximo dia 22 de setembro – é preciso que façamos alguns balanços sobre a cruel realidade a que os professores, estudantes e a população em geral têm encarado nas escolas de todo o Brasil, ano após ano.
Na manhã da última quinta-feira, 15 de setembro, os dados do relatório Education at a Glance (EAG) 2016, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), foram divulgados no auditório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Trata-se de um relatório anual para o qual o mundo inteiro olha antes de fazer qualquer análise, ou investimento.
Os indicadores apresentados, entre eles o IDEB, são de absoluta preocupação dos governos, pois são eles a ‘carta de apresentação’ do Brasil para o mundo. Essa é uma das razões pela qual o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) se tornou uma verdadeira disputa, uma corrida desenfreada que atropela profissionais e estudantes em nome dos interesses da grande burguesia e do mercado financeiro internacional.
Em síntese, o relatório traz as seguintes observações sobre a situação da educação brasileira:
– Os investimentos em educação no Brasil aumentaram sendo, hoje, consideravelmente altos. Contudo, proporcionalmente, e observando o IDH dos países com os quais o Brasil é comparado, esses valores são insuficientes, de 5,5% do PIB para Ensino Fundamental, Médio e Superior;
– O Brasil tem um corpo docente jovem. Cerca de 52% dos professores das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio têm menos de 40 anos, que por sinal estão entre os que recebem piores salários no mundo;
– Em 2014, apenas cerca de 40% das crianças de três anos estavam matriculadas em pré-escolas, ou creches. 75% das crianças em idade pré-escolar estão matriculadas na rede pública. Observemos que a Educação Infantil não está contabilizada nos 5,5% do PIB;
– Apenas 16% da população entre 24 e 35 anos completam o ensino superior. E a disparidade de renda entre trabalhadores com níveis e áreas diferentes de formação é altíssima;
– A desigualdade de renda entre gêneros do Brasil é uma das mais altas. Mulheres têm salários cerca de 61% mais baixos do que os homens quando em nível médio. Esse índice sobe para 65% quando se trata de ensino superior;
– Há mais oferta de emprego para homens do que para mulheres. A diferença de ocupação dos postos de trabalho é, aproximadamente, de 31% entre homens e mulheres com ensino fundamental, 23% entre homens e mulheres com ensino médio e de 10% entre homens e mulheres com ensino superior.
Dirk Van Damme, atual chefe do Centro de Pesquisa em Educação e Inovação da OCDE, afirmou que “o relatório não é sobre como a educação está ruim, é sobre o quanto podemos melhorar no futuro”.
Sabe aquela força do pensamento positivo? Aquela coisa da gente ver o copo não meio vazio, mas sim, meio cheio?
Pois é, o capitalismo está sempre nos exigindo lentes de generosidade.
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