Da Redação
Trabalhadores sem terra de São Carlos e Itirapina, em São Paulo, pedem solidariedade à ocupação no Horto Florestal de Itirapina. A ocupação aconteceu na madrugada do dia 3 de setembro, um sábado e reúne aproximadamente 650 famílias que dependem da terra para moradia e sobrevivência. Uma campanha de terror vem sendo orquestrada contra a ocupação, com o objetivo de afastar os novos moradores do local. Em carta, eles explicam os motivos da ocupação e a origem do terreno que se encontrava improdutivo.
De acordo o relato escrito por um dos ocupantes, a área é de uma antiga fazenda conhecida como Horto de Itirapina, de propriedade da Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo. “Uma grande propriedade que há muito tempo vem sendo arrendada a grandes empresários para a extração de resina e madeira, enquanto nós e outras pessoas do povo não temos dinheiro para comprar um caixão, muito menos um pedaço de terra para enterrar nossos mortos”, destaca a carta.
Os que argumentam contra a ocupação afirmam que esta poderia provocar poluição da área, informação refutada pelos ocupantes. O local era antes utilizado para experimentos do estado, mas hoje se encontra replantada com pinheiros, enquanto condomínios em volta à represa, localizados em área de preservação de fato, continuam poluindo a região.
“Que as riquezas produzidas no Horto de Itirapina sirvam à nossa gente, e não mais para encher os cofres de grandes empresas”, conclui o pedido de solidariedade.
Leia a carta na íntegra:
Carta dos Sem Terra do Acampamento do Horto de Itirapina – SP
Apresentação: Somos Trabalhadores de São Carlos e Itirapina. Lutamos por um futuro melhor para nós e para nossos filhos e, também, para nossa gente de Itirapina e região.
Porque Lutamos: A Fazenda conhecida como Horto de Itirapina de propriedade da secretaria do meio ambiente do governo do estado de São Paulo é uma grande propriedade que há muito tempo vem sendo arrendada a grandes empresários para a extração de resina e madeira, enquanto nós e outras pessoas do povo não temos dinheiro para compra um caixão, muito menos um pedaço de terra para enterrar nossos mortos.
Cumprimentos de Lei: O estatuto da terra, lei 4504 de 30 de novembro de 1964, diz que a reforma agraria deve ser feita prioritariamente em terras da união dos estados e dos municípios. Entre outras leis consta o projeto de lei 249/2013 votado em 07/06/2016 que institui a venda de 24 propriedades do estado, no qual a prioridade de compra será para a união, para a reforma agrária. Essas terras não devem ser vendidas para grandes empresários ou latifundiários a preço de banana, à custa da exploração de nosso povo.
O que queremos: Somos trabalhadores brasileiros e não podemos ficar calados, vendo terras do povo sendo exploradas, promovendo lucro a grandes empresários, enquanto nós e outras pessoas do povo sofremos dificuldades e a esperança de um futuro de prosperidade está cada vez mais distante.
Pedimos apoio: Sabemos que a luta não será fácil e que ainda vamos passar por grandes dificuldades, mas preferimos viver lutando ao invés de ficar acomodados. Precisamos de apoio de cada morador de Itirapina e região, e, principalmente, de nossas autoridades.
Nossa vitória será a vitória de todos
Mais trabalho, mais renda, mais oportunidade, mais desenvolvimento. Que as riquezas produzidas no Horto de Itirapina sirvam a nossa gente, e não mais para encher os cofres de grandes empresas.
(Escrita pelo Sr. Mauro, do acampamento, no calor da ocupação, durante a madrugada)
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