Rodrigo Maia não quer o impeachment de Bolsonaro

Presidente da Câmara, como o presidente e a maioria dos parlamentares, quer aprovar reformas contra o povo


Publicado em: 5 de agosto de 2020

Brasil

Marco Dantas, do Rio de Janeiro, RJ

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, disse no programa Roda Viva, da TV Cultura, no dia 03/08, que não encontrou embasamento legal nos cerca de 50 processos de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. “Tem que ter um embasamento para essa decisão e não encontro ainda nenhum embasamento legal”, disse Maia. O deputado também falou que o impeachment não poderia ser a solução para resolver crises políticas e afirmou: “Destes que estão colocados, eu não vejo nenhum tipo de crime atribuído ao presidente, de forma nenhuma”.

Esse discurso cínico e abjeto é fruto de um entendimento e de uma necessidade maior que os podres poderes têm, de avançar nas reformas que beneficiam a burguesia e prejudicam os trabalhadores. Maia enfatizou que não seria “a hora” de “paralisar” o parlamento para discutir o processo de impedimento do presidente.

Esse raciocínio nos leva a crer que não bastam os inúmeros crimes de Bolsonaro, principalmente contra a vida e a saúde pública. O que importa para todos (executivo, legislativo e judiciário) é a aprovação das reformas e o pagamento dos bilhões de reais da dívida pública aos banqueiros. Rodrigo Maia é defensor dessa política.

Maia preserva o Governo da Morte

O presidente da Câmara não tem intenção alguma de fazer sangrar o governo federal, de punir o presidente frente a ausência no combate à proliferação da Covid 19 e a bancarrota da economia brasileira. Bolsonaro vive uma crise em seu governo, que pode deixá-lo em maus lençóis e elementos não faltam. Cercado por ameaças de impeachment no TSE, Câmara dos Deputados e processos no STF, o presidente da morte encontra-se na defensiva desde a saída dos dois ministros da Saúde, Mandetta e Teich, e principalmente, Sérgio Moro, da Justiça. A divulgação do vídeo da famigerada reunião ministerial e as posteriores pesquisas de opinião revelaram a queda no apoio e o consequente crescimento da reprovação ao governo. A ausência criminosa e consciente no combate à pandemia e a política negacionista frente ao coronavírus não passou incólume e foi reprovada pela maioria da população, mesmo com a flexibilização da quarentena nos estados. Soma-se a isso o cerco à milícia digital do Gabinete do Ódio, comandada pelo seu filho Carlos, que está acuada e sendo investigada no processo das Fake News no STF.

Diante deste quadro pouco animador, o que faz Bolsonaro? Apoia-se nos 30% de apoiadores e faz política para este setor. O mesmo grupo que o recepciona nas manhãs de domingo em Brasilia e faz seguidas carreatas durante a quarentena exibindo faixas e cartazes exaltando o culto à personalidade do presidente, o militarismo, o autoritarismo e o desprezo pela democracia – características fascistas. Todas essas ações irresponsáveis do governo – ameaça de endurecimento do regime com ataques à imprensa e aos outros poderes – estão endereçadas a estes bolsonaristas ortodoxos. Para que essas ameaças se tornem realidade, Bolsonaro conta com o apoio das Forças Armadas.

Os Podres Poderes lavam as mãos

O mais provável é que o cenário de crise continue e que Bolsonaro, que tem apoio da MINORIA da população, tente desarticular as investigações em curso via superestrutura, conversando reservadamente com autoridades e principalmente restaurando a mamata e comprando apoio do Centrão na Câmara.

O governo federal seguirá defendendo o fim da quarentena, uso da cloroquina e demais insanidades ao passo que fará tudo para agradar o mercado financeiro. Isso serve também para as movimentações dos estados e municípios como São Paulo e Rio de Janeiro, em que Dória, Covas, Witzel e Crivella relaxam a quarentena para agradar os grandes empresários.

Sobre as agruras na superestrutura, não se pode nutrir qualquer ilusão no andar de cima. O avanço das investigações das Fake News no STF dificilmente vingará e Rodrigo Maia – principal articulador da Reforma da Previdência e Trabalhista – não vai levantar de cima dos cerca de 50 processos de impeachment que estão em seu gabinete. Para que os acovardados e/ou acomodados do Legislativo e Judiciário façam sua parte, seria decisivo a participação popular como nas mobilizações do 15M no ano passado. Infelizmente a quarentena impede que a indignação tome as ruas com milhares. O governo se aproveita dessa ausência forçada das mobilizações em função da pandemia e provavelmente continuará sua escalada autoritária com ameaça às liberdades democráticas tentando intimidar a tudo e todos, mesmo que tenha diminuído essa carga após as investigações sobre as Fake News e cassação da chapa presidencial. O ministro da Economia, Paulo Guedes, continua trabalhando nos bastidores pela aprovação da Reforma Tributária com a possibilidade de uma volta da CPMF e mudança no Imposto de Renda. Guedes, inimigo declarado do serviço público, e Maia defenderam que os servidores federais tivessem diminuição em seus salários em função da pandemia – proposta que não prosperou – mas calaram-se sobre a revogação da EC 95/2016 – que retirou bilhões de reais do SUS e sobre as dividas bilionárias das empresas com a previdência.

Portanto, nenhuma confiança em Rodrigo Maia, que sustenta o governo e quer aprovar as reformas que vão piorar a vida do povo. Se tem um outro grande vilão, além de Bolsonaro, esse é o presidente da Câmara.


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