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Em visita ao Pará, Bolsonaro defende a chacina de trabalhadores sem-terra

Por Gizelle Freitas, de Belém, PA

O massacre de trabalhadores rurais sem-terra ocorrido em 1996, na curva do S, em Eldorado dos Carajás, marcou a história do Pará, e ficou conhecido como “massacre de Eldorado dos Carajás”. onde numa ação completamente desproporcional e criminosa autorizada pelo então governador do Estado do Pará – Almir Gabriel (PSDB) – assassinou 19 trabalhadores rurais (vários com tiros à queima roupa) e deixou 69 feridos (destes, somente dois policiais). Em 2018 completaram-se 22 anos desse massacre.

VEJA O VÍDEO DO ESQUERDA ONLINE SOBRE O MASSACRE

A visita do pré candidato à Presidência da República pelo PSL – Jair Bolsonaro -, acompanhado de diversos ruralistas e grandes empresários do Estado, inclusive o então deputado federal delegado Eder Mauro (PSD-PA), nessa região, no último dia 13, foi um escárnio completo para aqueles que lutam por reforma agrária e contra os desmandos de um punhado de ruralistas e coronéis que ainda ditam as regras no Estado.

Em Eldorado dos Carajás, exatamente na Curva do S, de forma efusiva, Bolsonaro defendeu os policiais que assassinaram os 19 trabalhadores rurais sem-terra. A fala foi a seguinte: “Quem tinha que estar preso era o pessoal do MST (Movimento dos Sem Terra), gente canalha e vagabunda. Os policiais reagiram para não morrer”. Esta declaração está em diversos meios de comunicação. Bolsonaro veio ao Pará visitando a cidade de Parauapebas e Marabá, em sua agenda de pré-campanha, reafirmar aliança política com os ruralistas.

Em uma reunião com esse mesmo setor, ele declarou que “se eleito vou tirar o Estado do cangote dos ruralistas, segurar as multas ambientais e aumentar a repressão a movimentos do campo. Não vai ter um canalha de fiscal metendo a caneta em vocês”. E defendeu o armamento para resolver conflitos no campo. Obviamente, que tais compromissos foram aplaudido pelos integrantes da União Democrática Ruralista (UDR), que já deu declaração dizendo que procuram um Presidente que não os atrapalhe.
O pré-candidato do PSL não é um fake, é bem real e está em segundo lugar nas pesquisas, já deu inúmeras comprovações públicas de que é inimigo frontal da classe trabalhadora, dos setores oprimidos, com diversas entrevistas racistas, misóginas e lgbtfóbicas, é um ativista contra os direitos humanos, está surfando na desconfiança, no descrédito, no desânimo que setores da sociedade manifestam em relação à política e às eleições. O alto índice de violência urbana que assola o Brasil inteiro é um dos elementos impulsionadores de sua política criminosa, que fala de “tratar na bala” os conflitos por terra, que “bandido bom é bandido morto”, inclusive aqui no Pará temos, infelizmente, vários parlamentares seguidores da forma bolsonarista de fazer política.

Repudiamos com veemência a visita de Bolsonaro ao Pará, e com mais força ainda repudiamos suas declarações de ódio ao povo, aos lutadores, ao movimento sem terra, a tantas famílias que sofrem há 22 anos e jamais esquecerão o massacre de seus filhos, companheiros, netos, e a omissão do Estado. Infelizmente, a (in)justiça do Brasil funciona como um partido de toga, do contrário, não seria possível ter um candidato que de norte a sul, livremente, destila seu preconceito máximo, seu ódio aos indígenas, aos quilombolas, aos negrxs, às mulheres, ao povo pobre, como um convite à violência.

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