Por: Ademar Lourenço, direto de Brasília, DF
Por 450 a favor, 10 votos contra e 9 abstenções, Eduardo Cunha (PMDB) teve mandato de deputado federal cassado nesta segunda (12). A mesma Câmara dos Deputados que o elegeu presidente agora o condena por falta de decoro parlamentar pelo fato de ter mentido sobre a posse de contas da Suíça.
Eduardo Cunha compareceu pessoalmente à sessão. Durante as falas a favor da cassação, ele virara as costas para o orador em sinal de covardia. Depois de proclamado o resultado, o que se via era o rosto de um homem vingativo. Muito vingativo. “Você disse que iria derrubar dois presidentes, e acho que isso vai acontecer”, disse o deputado Sílvio Costa (PTdB-PE) durante a sessão. Ele também lembrou do comportamento da maioria dos deputados, que articularam o impeachment junto com Cunha e agora votam sua cassação.
Para o povo o clima é de festa. Mas, para os mesmos políticos que o cassaram o clima era de preocupação. Afinal, Cunha sabe muito. Parceiro de primeira ordem de Michel Temer (PMDB), o Eduardo Cunha pode fazer delações capazes de derrubar o presidente.
Os dois estão envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras. De acordo com as investigações da Polícia Federal, parte da propina paga por empresas para contratos com a estatal do petróleo era paga ao PMDB, partido de Cunha e Temer.
Cunha vai abrir o bico? Ainda não se sabe o que está sendo negociado agora em Brasília. Mas, a cassação já é uma tremenda vitória dos movimentos sociais. Em especial o movimento feminista, que ocupou as ruas em 2015 e impediu o acordão que estava sendo negociado entre Eduardo Cunha e o PT.
Não é só a corrupção
Cunha representa o que existe de mais corrupto na política brasileira. Mas também é um político reacionário, machista, preconceituoso e inimigo dos trabalhadores. Com ele na Presidência da Câmara, foi aprovado o Projeto de Lei 4330. O projeto, que ainda vai passar pelo Senado, permite a terceirização ilimitada de todos os empregos. Ele também é autor do o Projeto de Lei 5069, que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte para uma mulher vítima de estupro.
Movimentos sociais vão às ruas pelo Fora Cunha em Brasília
O ato pelo Fora Cunha em Brasília reuniu em seu auge mais de cinco mil pessoas. Estavam presentes servidores públicos e estudantes que a partir de amanhã (13), estarão no acampamento de mobilização contra o ajuste fiscal na Esplanada dos Ministérios. O ato terminou pacificamente, sem repressão da polícia.
Também marcou presença o movimento feminista e LGBT. O ato chegou até o Congresso Nacional, onde o ex-presidente da casa foi julgado. Entre as principais palavras de ordem, estava o chamado pela Greve Geral contra os ataques feitos pelo Congresso e pelo governo Temer.
E o presidente não escapou dos protestos. O Fora Temer foi bastante presente no ato. “Temos que derrubar Cunha, mas temos que derrubar Michel Temer de Presidência. Eles são parceiros na corrupção e nos ataques aos trabalhadores”, disse Gibran Jordão, coordenador da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).
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