Paralisação nacional no Peru pede a cabeça da Presidenta Dina Boluarte
Publicado em: 19 de janeiro de 2023
O Peru ingressou numa profunda crise política desde a destituição do Presidente Castillo pelas forças da direita e extrema-direita que controlam o Congresso Nacional daquele país. O 7 de dezembro marca um ponto de inflexão de reinício, após as eleições de 2021, na luta política direta entre os segmentos populares, camponeses, indígenas, juventudes e trabalhadores, principalmente da região Sul do país, contra as forças lideradas pelo fujimorismo, a grande mídia empresarial, os grupos econômicos, as mineradoras e os segmentos reacionários do país.
A advogada Dina Boluarte, eleita como vice de Castillo, que teve sua posse relâmpago elogiada pela Keiko Fujimori, e um rápido reconhecimento pelo governo Biden – e infelizmente também pelo governo Lula – após um processo relâmpago que destituiu o professor da Presidência e uma decisão judicial que o mantém preso até a presente data, vem escalando a repressão aos movimentos sociais e a matança ao ponto de já ter alcançado 50 mortos de ativistas e lideranças por ações letais das forças repressivas. Tudo isso sob o manto do chamado ao diálogo nacional que ao mesmo tempo vem acompanhado de decretos de Estado de exceção em várias regiões do país.
A repressão é tamanha que só se compara com o período da ditadura de Fujimori, entre os anos 1990 e 2000, quando as forças armadas matavam de forma indiscriminada sob o manto da associação dos movimentos camponeses, sindical e estudantil aos grupos guerrilheiros. A Defensoria do Povo reportou até a presente data, 41 civis falecidos nos enfrentamentos, 9 por acidentes de trânsitos e fatos relacionados aos bloqueios e 1 policial, além de 722 civis feridos desde o dia 7 de dezembro.
As manifestações populares, que haviam diminuído, entre o período natalino e ano novo, retomaram com força desde o início de janeiro e agora já alcançaram quase toda a Região Sul do país e algumas regiões do Norte, havendo bloqueios de estradas, greves e protestos, em 8 das 25 regiões do país, e nesta última semana envolvendo a província de Lima com um chamado a uma marcha nacional e paralisação, neste dia 19, que está sendo denominada como a “tomada de Lima”. Já são 89 pontos de bloqueio e 18 estradas nacionais afetadas.
A Coordenação da Paralisação é dirigida pela Assembleia Nacional dos Povos, com representações da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru – CGTP, além dos Comitês Regionais que envolvem representação de camponeses, indígenas, cocaleiros, operários, pequenos comerciantes, sindicatos locais, federações de estudantes e movimentos sociais territoriais, grupos de esquerda como Movimento Unidade Popular e Novo Peru, entre outros.
O discurso de unidade nacional perpetrado pela Presidente Dina Boluarte associado com uma brutal repressão, buscando isolar Castillo, não colou nem pacificou o país, ao contrário, a crise se agrava a a cada dia. As principais organizações populares do país pedem a renúncia de Dina a qual acusam de traidora e a dissolução do Congresso, para tanto retomam a principal bandeira que foi a principal proposta de Castillo para superar o regime herdado da ditadura Fujimori que é a convocação da Assembleia Constituinte. Para tanto, exigem a antecipação das eleições para este ano e a destituição da atual mesa diretora do Congresso, além do fim da criminalização dos movimentos sociais e a punição dos culpados pelas mortes dos ativistas.
* David Cavalcante é Cientista Político e da Editoria EoL Mundo
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
colunistas
O assassinato de Charlie Kirk foi um crime político
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo