Por: Juliana Donato*, de São Paulo, SP
Uma das maiores categorias de trabalhadores inicia, nesta terça-feira (6), greve por tempo indeterminado em todo o Brasil. Mesmo com a crise econômica no país, os bancos foram o setor mais lucrativo da economia no primeiro trimestre deste ano. Juntos, BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander chegaram a R$ 29,7 bilhões de lucro. Este vem das tarifas e juros altíssimos que os bancos cobram da população e do aumento da exploração do trabalho dos bancários. Mesmo com tudo isso, os banqueiros negaram todas as reivindicações da categoria na mesa de negociação.
O reajuste salarial proposto pelos banqueiros não chega a repor sequer a inflação, projetada em 9,57%. Os bancos propuseram 6,5%, o que representaria uma perda salarial de 2,8%. As demais reivindicações, relativas a condições de trabalho e emprego, também foram negadas. Os bancos acabaram com quase oito mil postos de trabalho, somente neste ano. Os bancários estão trabalhando cada vez mais e com mais pressão para atingir metas e os bancos se negam a contratar mais funcionários ou conceder qualquer medida que proteja o emprego dos bancários.
As reivindicações das mulheres bancárias também foram negadas. Nos bancos, as mulheres também sofrem muito com o machismo, recebem, em média, 22,1% menos do que os homens, são preteridas na ascensão profissional, sofrem com o assédio sexual, têm o vale-refeição cortado durante a licença maternidade.
A greve dos bancários que inicia nesta terça é, portanto, uma resposta a esta intransigência e tem um desafio muito grande, de enfrentar os banqueiros, representados pela Federação Nacional dos Bancos (FENABAN) e o governo de Temer (PMDB), que controla os bancos públicos. Para fortalecer a greve dos bancários será fundamental a unificação com as lutas e greves dos trabalhadores dos Correios e petroleiros, que também estão em período de campanha salarial. Os ecetistas já têm indicativo de greve marcado para o dia 14 de setembro. Para o dia 15 de setembro, a proposta é construir mobilizações de rua unificadas.
A CUT e a CTB, que estão na direção da maioria dos sindicatos de bancários do país, precisam impulsionar esta unificação e garantir democracia no movimento grevista, com espaço para que os bancários se manifestem nas assembleias, opinem sobre os rumos da greve. Só com democracia os bancários serão motivados a participar ativamente e fortalecer o movimento grevista.
Acompanhe a greve bancária aqui no Esquerda Online e ajude a fortalecer este movimento. A solidariedade para com os bancários é muito importante neste momento.
*Juliana Donato é do Conselho de Administração do Banco do Brasil eleita pelos trabalhadores e colaboradora do Esquerda Online
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Diretor do sindicato dos bancários de Camaçari fala ao Esquerda Online no primeiro dia de greve
Em vídeo do mandato de Juliana Donato no Conselho de Administração do BB, bancários de todo o país explicam sobre a greve que se inicia nesta terça-feira (6):
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