Pular para o conteúdo
BRASIL

Gigantes estrangeiras da indústria do Petróleo comemoram partilha do pré-sal

Por: Pedro Maicá, de Florianópolis, SC 

A 4ª rodada dos leilões de partilha do pré-sal, ocorrida no dia 7 de junho, foi marcada pela alegria dos executivos das grandes petroleiras internacionais. Pela primeira vez, consórcios que incluíam a Petrobras perderam a disputa pelas áreas mais cobiçadas para a exploração de petróleo no país.

Ninguém usou meias palavras. O presidente da Equinor (Statoil), Anders Opedal, comemorou o que disse ser um “casamento” com o Brasil: “Estamos aqui para o longo prazo. Fizemos um investimento que nos levará para além de 2050”. Já o executivo Carlos Lacerda, da ExxonMobil, afirmou: “Em poucos meses, passamos de 2 para 25 blocos”. O presidente da Shell no país, André Araújo, garantiu que o Brasil já é um dos principais alvos da empresa, “em uma das regiões petrolíferas mais atraentes do mundo”, disse, como publicado na Reuters no dia 7 de junho. Não menos surpreendente, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Décio Oddone, parecendo já ter esquecido a recente crise dos combustíveis provocada pela política de preços do governo Temer, disse: “O que espero é ter o mais rápido um sistema de livre mercado, aberto, competitivo, em que ninguém tenha de ficar explicitando sua prática de preços de mercado”, segundo publicação do Valor Pro, no mesmo dia.

Uma estratégia para a privatização em toda a cadeia produtiva
O que não falam os executivos do petróleo, o governo, a ANP e os “especialistas” convidados pela mídia para “explicar” os leilões, é que se trata do desmonte da Petrobras em toda a cadeia de produção, da exploração, passando pelo refino, até a distribuição. No ano passado, a maior oferta pública de ações (IPO) na bolsa brasileira, desde 2013, foi feita com a venda do equivalente a 28,75% do capital da Petrobras Distribuidora (BR).

Como sabemos, o capital, sobretudo o internacional, odeia riscos. Por isso, quando era uma fronteira de exploração quase intransponível para a indústria do petróleo, coube à Petrobras desenvolver tecnologia de exploração para as águas profundas. No entanto, agora, com o preço de venda do barril em torno de 75 dólares (em 05/06) e um custo aproximado da extração do barril no pré-sal em 8 dólares (26 dólares, considerando encargos), “todo mundo” está sendo convidado para a festa, menos o povo brasileiro.

A venda das refinarias, dutos e terminais no Sul e Nordeste, pretende entregar ao capital privado regiões inteiras de mercado. Os investimentos da Petrobras no refino caíram de R$ 1,1 bilhão para R$ 589 milhões em relação ao último trimestre de 2017. Nos resultados da Petrobras do primeiro trimestre de 2018, a taxa de utilização das refinarias ficou em 72%, o menor patamar já registrado, com a menor taxa de venda de derivados em dez anos. Essa informação foi publicada na Agência Estado no dia 8 de maio.

Vender áreas estratégicas de exploração de petróleo, remunerar acionistas privados da Petrobras, exportar óleo “cru”, reduzir utilização das refinarias, importar derivados: eis o resumo da estratégia privatista do governo Temer, em conluio com o capital privado e a mídia corporativa.

Nesse contexto, a política atual de preços de combustíveis da Petrobras (com a consequente disparada dos preços para o consumidor) não passa de uma condição para que os possíveis futuros detentores do refino (a começar pelo Sul e Nordeste) possam manipular os mercados locais de acordo as variações geopolíticas internacionais. Ou seja, mais liberdade para o capital e mais subserviência do Estado brasileiro aos interesses privados.

Foto: Divulgação