O dia 18 de maio é marcado pela luta antimanicomial no Brasil. Em meio a retrocessos e opressões, é muito importante dar continuidade à resistência dos que são considerados “marginais” da sociedade, quando na verdade a marginalização de fato está presente no sistema carcerário que só aprisiona negras e negros, LGBTs, pobres e jovens. Hoje, que foi o dia nacional da luta, várias mobilizações foram organizadas e a rua foi ocupada. No Rio de Janeiro, um ato teve início no Largo da Carioca, com diversos movimentos e CAPS reunidos, iniciado pelo Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial. O lema principal levantado no ato foi ‘Intervenção não é segurança, manicômio não é tratamento: antimanicomiais na luta contra o genocídio negro’.
Há 30 anos, o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental organizou a primeira manifestação pública no Brasil contra os manicômios nas ruas de Bauru, luta que está presente para além da Reforma Psiquiátrica nos anos 70, já que a liberdade sempre foi
direito de toda a população. O movimento recusa totalmente a violência institucionalizada que desrespeita os direitos humanos, consolidando o início de uma nova forma de acolher a loucura com a criação dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que são unidades especializadas em saúde mental para tratamento e reinserção social de pessoas com transtorno mental grave e persistente.
É muito importante debater as políticas de saúde, quem tem direito a elas e a que condições. A mercantilização da saúde com o plano do governo de privatização do SUS nada mais é do que precarizar o acesso à saúde para aqueles que já têm pouco acesso, entendendo que essa estrutura se faz no próprio capitalismo. Além disso, a reforma trabalhista contribui para a precarização da vida dos trabalhadores quando as condições de trabalho podem gerar danos à saúde dos mesmos, o que faz ainda mais importante o papel do SUS na contribuição e asseguração desse trabalhador. Lutar pelo movimento antimanicomial é ser contra qualquer tipo de aprisionamento, opressão, exploração e, principalmente, contra o genocídio negro, já que os ataques estão sempre presentes, como o assassinato da vereadora Marielle Franco, mãe, negra, lésbica e militante, que foi uma forma de tentar calar a luta e emancipar a violência.
Na unificação de toda a classe operária, da juventude, dos LGBTs, negros e índios se faz a força para derrubar o fascismo que somente visa desmembrar o enfretamento à opressão. Nessa unificação, se torna essencial também agregar com aqueles que sofrem exclusão por terem a loucura consigo. Antigamente, as doenças mentais eram pouco discutidas, sofrendo até mesmo o preconceito que “é falta de Deus”. Entretanto, é o momento de debater a fundo sobre saúde mental e acolher a loucura como parte da sociedade. Nise da Silveira já dizia que a loucura é a nossa realidade mais profunda. Essa aproximação faria enxergar o que estava presente no ato hoje: Todos dançando, cantando e lutando pelos seus direitos, independente de laudos psíquicos.
Manicômio não é tratamento!
*Gustavo Henrique é militante do movimento Afronte
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