Existe um debate hoje se há uma onda conservadora no mundo. Este debate é muito importante para as mulheres, negros e LGBT´s, pois reflete diretamente nos ataques que sofrem diariamente. Há uma opinião muito forte nestes setores de que existe uma onda conservadora.
Isso é fruto da polarização social gerada pela crise econômica que atua para dificultar o acesso dos negros , LGBT´s e mulheres aos serviços públicos, cortando ainda mais os gastos nas medidas super paliativas de combate à violência a estes setores.
O reflexo destes ataques duros contra o direito à vida, ao trabalho, à previdência social, com o aumento gigantesco do desemprego e da ofensiva ideológica contra os movimentos e partidos de esquerda que a burguesia tem empalmando, em especial no Brasil, faz com que os ativistas que lutam pelas tarefas democráticas relacionadas às opressões encarem isto como uma onda conservadora, como um tsunami que está se aproximando de nós.
No entanto, um tsunami chega sem avisar e devasta tudo aquilo que consegue levar. Não estamos diante da possibilidade de devastação neste momento. Estes mesmos ativistas, alguns com muita certeza e outros com certa cautela, acreditam que estamos diante de uma outra onda, a de ascenso nas lutas relacionadas ao temas das opressões como aquela da década de 70. Ainda que não tenhamos uma definição se de fato se trata de uma nova onda de ascenso dos setores oprimidos, a questão é que existe uma reação à ação, ou seja, há uma polarização muito forte entre os setores que estão lutando. E os reacionários, impulsionados pelas elites do país, querem nos atacar.
Por isso, não podemos menosprezar a ofensiva ideológica que a direita reacionária vem promovendo em nosso país. Esta ofensiva esteve a serviço de derrubar o governo Dilma e impedir que o PT se reeleja em 2018, mas ela também quer igualar a esquerda mais radical ao PT, colocando-nos todos como farinha do mesmo saco. Esse discurso que prega o ódio, que quer retirar os direitos mais elementares dos setores oprimidos, não nos serve. Também não serve nos calarmos diante disto, fingindo que a ofensiva não existe, para polemizar com os setores que usam a narrativa da onda conservadora em defesa do governo do PT.
É preciso dizer aos negros, LGBT`s e mulheres trabalhadoras que há uma ofensiva reacionária no nosso país, que Temer quer atacar ainda mais os direitos das mulheres. Temer, inclusive, nomeou Fátima Pelaes para a Secretaria de Mulheres que já disse ser a favor da criminalização das mulheres em caso de aborto, inclusive em caso de estupro. Quer aumentar a idade mínima da aposentadoria da mulher e apresentou um plano de combate à violência contra a mulher sem nenhuma meta ou previsão orçamentária.
Mas precisamos também lembrar que os ataques aos nossos direitos não vieram só da direita, mas do próprio PT. Dilma, durante seu governo, realizou acordos que permitiram que Feliciano estivesse na pasta de direitos humanos, defendendo a cura gay. Manteve os cortes nos orçamentos da pasta de mulheres para o combate à violência e não entregou as creches que prometeu.
A saída para acabar com estes ataques deve ser unificar os negros, LGBT´s e mulheres trabalhadoras nas lutas e nas eleições. Por uma alternativa de esquerda em defesa do nosso direito à vida, ao emprego e à aposentadoria.
Foto: Silvia Izquierdo/AP Photo
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