Professores da Rede estadual e da rede municipal de Natal iniciaram greves com forte adesão
Maurício Moreira e Milton César, professores da rede municipal de Ceará Mirim (RN)
Já não restam dúvidas que vivemos no Brasil uma ofensiva brutal da classe dominante em todas as dimensões da vida social. Os fortes impactos da crise econômica no Brasil fez com que esses setores declarassem guerra à classe trabalhadora com o objetivo de preservar seus privilégios de classe, aprofundando a desigualdade social já alarmante. A PEC do teto, reforma trabalhista, Lei das terceirizações, e os ataques as liberdades democráticas vem redesenhando o regime de dominação do país. Contraditoriamente, a crise de representatividade dos partidos da ordem vem acompanhado de um recrudescimento do regime para permitir o aumento da exploração e a opressão sobre o povo.
Portanto, não resta outra alternativa para os trabalhadores e as organizações da classe que constituir a mais absoluta unidade para resistir ao saque aos direitos sociais, trabalhistas e os ataques as liberdades democráticas. Cada luta especifica de uma categoria precisa se transformar numa trincheira de resistência ampliada da classe como um todo. A saída é ocupar as ruas e apoiar cada setor que se coloca em luta, seja o movimento sindical, popular, setores oprimidos e estudantil.
A educação, assim como os serviços públicos de conjunto, tem sofrido uma escalada de ataques de grande profundidade que estão redefinindo para pior a educação pública brasileira. O orçamento de 2018 da pasta sofreu com cortes consideráveis, tanto na educação superior como a educação básica. Especialistas atestam que as tímidas metas do PNE não serão atingidos e que a crise da educação pública irá se aprofundar. A Reforma do Ensino Médio, junto com a reformulação do currículo que impõe apenas as disciplinas de matemática e português como obrigatórias, empobrece a escola pública e aumenta o fosso entre a educação pública e privada. Os filhos da população trabalhadora terão uma escola cada vez mais precarizada e formadora de mão de obra barata.
Como parte desse projeto nefasto, existe uma orquestração nacional das diversas esferas de poder para atacar os direitos dos trabalhadores/as em educação, que com seus mais de 4 milhões de profissionais é uma das categorias mais organizadas do país. Impor derrotas e minar a capacidade de mobilização desse importante setor é estratégico para os planos de Temer e da classe dominante de abrir caminho para mais ataques. O centro da estratégia passa por desfigurar a Lei do Piso Nacional, reduzindo a letra morta.
Já é visível que no Rio Grande do Norte esse projeto está a todo vapor. Em vários municípios os educadores estão com o direito ao Dia de Planejamento (1/3 de hora atividade) ameaçado ou mesmo já tiveram esse direito arbitrariamente retirado. Dois exemplos recentes são das cidades de Ceará Mirim, Extremoz e Pedro Velho onde os trabalhadores perderam esse direito. Em muitos outros municípios e na rede estadual nem mesmo o reajuste do Piso (6,9%) foi concedido, mesmo com o reajuste do FUNDEB já repassado. Ou seja, os ataques não são casos isolados, mas estão intrinsicamente articulados.
Portanto, as greves dos professores da rede estadual e do município de Natal são parte desse processo de resistência aos ataques à educação pública. As duas greves tem como pauta central o reajuste do Piso e melhores condições de trabalho. Pelos informes que nos chegam, as greves começaram fortes, com importante adesão da categoria. Na última semana houveram várias reuniões nas escolas com a comunidade escolar, atos de ruas e outras atividades, o que demonstra a força do movimento.
A greve na rede estadual de educação do Rio Grande do Norte vai além da implementação do Piso Salarial dos professores (as)! Os estudantes, funcionários, pais e docentes não suportam mais o descaso com a educação do RN, escolas sucateadas; sem segurança; estruturas comprometidas (colocando em risco a vida de todos); salas de aulas extremamente quentes (sem ar-condicionado ou ventiladores); falta de professores nas escolas (em algumas disciplinas); não concessão de promoções e progressões (direito dos trabalhadores); PCCR; falta merenda escolar de qualidade; falta de transporte escolar (principalmente nos interiores do estado); dentre outros. Por isso, o engajamento de pais, alunos e professores na luta por respeito e educação pública de qualidade. A situação no município de Natal é bastante parecida!
Nesse contexto, as greves que ocorrem nesse momento no Rio Grande do Norte são parte das lutas que ocorrem e ocorreram em outras regiões do país, como a dos educadores de São Paulo, Minas Gerais, Amazonas e em outros estados.
Todo apoio à greve dos trabalhadores em educação do RN!
Unificar as lutas para resistir aos ataques!
Em defesa da educação pública!
Foto: Ato com a comunidade escolar, em Natal. Foto Lenilton Lima/SINTE-RN
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