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MOVIMENTO

Repúdio aos ataques à Recepção de Calouros da UFLA

Por: Ticiane, de São Paulo, SP

No Brasil, andam ocorrendo diversos ataques à liberdade de expressão e à liberdade acadêmica. Propaga-se um discurso de que professores(as) e universidades “doutrinam” os(as) alunos(as), como se pudesse haver alguma neutralidade em qualquer tipo de discurso e, até mesmo, no seu silenciamento. O projeto Escola sem Partido, por exemplo, é uma das grandes expressões do caráter profundamente antidemocrático das nossas elites e de determinados grupos políticos como o MBL e o ILISP, receosos da livre circulação de ideias e do estudo de temas de história, sociologia e filosofia. Interessante notar que muitos desses grupos se autointitulam como “liberais”, muito embora queiram reprimir a informação, o conhecimento e também o contato com opiniões que destoam das ideologias hegemônicas.

O autoritarismo de setores conservadores se expressou também nas reações à Semana de Recepção de Calouros da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Questionou-se a suposta partidarização das oficinas e palestras, assim como propagandeou-se notícias falsas sobre a possibilidade do(a) aluno(a) ser expulso em caso de falta nas atividades indicadas.

No entanto, a Semana não apresenta apenas aquelas oficinas, mas também outras atividades plurais que podem ser escolhidas pelos(as) alunos(as). Além disso, os temas das Oficinas da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade e Diferenças (CADD), que foram os grandes alvos de tais grupos, tratam de gênero, cotas, trabalho e sexualidade, ou seja, questões de direitos humanos e cidadania.

Estas oficinas, na verdade, precisam ser saudadas pelo seu caráter de debate e preocupação com setores marginalizados e oprimidos, o que é especialmente importante numa universidade pública, sustentada por toda a sociedade e que também tem o papel de redução das desigualdades sociais. No mesmo sentido, devem ser saudadas as disciplinas universitárias sobre o golpe de 2016, que buscam desmistificar diversos fatos ocorridos com o apoio da grande mídia na nossa história recente.

Assim, a sociedade como um todo, e especialmente educadores(as), pais e estudantes, devem ver com preocupação qualquer tentativa de abafar o pensamento crítico e reduzir o conhecimento a dogmas, fazendo retroceder a educação em séculos rumo ao obscurantismo. Só num ambiente democrático – dentro e fora da universidade – a ciência floresce e a universidade pública pode cumprir seus fins sociais.