1 ano de governo Jesus Chedid em Bragança Paulista: mudou a gerência, permaneceram os donos

No último dia 01 de janeiro, Jesus Chedid (DEM) completou 01 ano de mandato na prefeitura da cidade de Bragança Paulista. Apesar da esperança por parte da população, a gestão deixa a desejar.

Por Tales Machado, de Bragança Paulista

Quem é Jesus Chedid?

É impossível falar de Jesus Chedid sem falar de sua família, filho de Hafiz Chedid (ex prefeito da cidade), e irmão do já falecido dirigente da CBF Nabi Abi Chedid, Jesus foi eleito com mais de 70% dos votos válidos para seu quarto mandato após 12 anos de sua ultima eleição em 2004,sendo cassado em 2005.

Jesus também é pai do deputado estadual Edmir Chedid(DEM-SP), e o grupo político que o rodeia na cidade é conhecido como “grupo Chedid”.

Da esperança à decepção

Nas eleições de 2016, Jesus Chedid vendeu a imagem de que era necessário voltar a prefeitura para “colocar ordem na casa”, seu discurso se baseava na sua experiência como prefeito em outras ocasiões e o fato das administrações anteriores (Jango e Fernão Dias) terem forte reprovação popular. Em suas falas, Chedid dava a impressão que o problema da cidade era “falta de comando” e que com “pulso firme” resolveria rapidamente os problemas municipais.

Após 1 ano de administração, muito pouco mudou. Pelo contrário, é possível afirmar que, em linhas gerais, Jesus Chedid apenas deu continuidade aos governos anteriores de seus adversários.

IPTU e ataque aos servidores

Duas medidas geraram enorme revolta nos trabalhadores. A primeira diz respeito ao IPTU complementar, onde munido de um geo-referenciamento, a prefeitura notificou centenas de pessoas para que pagassem um valor complementar de IPTU referente a supostas construções nos imóveis, sem que estas fossem avisadas a prefeitura.

Nos últimos anos, Bragança assistiu a construção de inúmeros condôminos fechados de alto padrão. As propagandas destes condomínios não escondiam para que viam. Seus slogans eram “um lugar para investir”, ou seja, ao invés de aplicar IPTU progressivo a estas propriedades que visam apenas o lucro (que muitas vezes encontram-se vazias), Chedid optou por complementar o IPTU de centenas de trabalhadores.

Outro ataque foi contra os servidores municipais. Através do projeto de lei 21/2017, a prefeitura colocou todas as dívidas trabalhistas acima de R$ 10.000 (dez mil reais) para precatórios, ou seja, os servidores que virem a cumprir hora extra, ou tiverem qualquer tipo de problema em seu salário, terão que aguardar os precatórios da prefeitura para receber seus direitos.

Não é possível analisar estas medidas apenas à luz da realidade local. As medidas do governo Chedid seguem a cartilha de ajuste fiscal imposta por Alckmin no estado e pelo governo Temer no país. Não por menos, Chedid e seu partido -Democratas- são base destes governos.

Saúde e Transporte: Tudo como antes

Nas áreas de saúde e transporte público, Chedid não fez mudanças significativas, apesar de no início do ano ter ensaiado um enfrentamento junto à empresa de ônibus N.S. de Fátima, o transporte público em Bragança continua horrível. A empresa que agora apresentou ônibus “semi-novos” continua a desrespeitar os trabalhadores, com poucas linhas, horários confusos e uma passagem cara. Além disso, permanece a dupla função de motoristas/cobradores.

Na área da saúde, a privatização continua. Após a troca da empresa que prestava serviços, Chedid manteve a mesma política da entrega da saúde às organizações sociais. Não por menos, os problemas continuam. As consultas demoram, faltam remédios nos postos etc.

Também nas áreas da educação, cultura e zeladoria urbana muito pouco feito. Não houve aumento substancial à verba da cultura, na educação continua o desrespeito aos educadores e na zeladoria urbana a cidade continua cheia de buracos.

Quem realmente são os “donos” da cidade?

Chedid vendia a imagem de que faltava “pulso firme“ na prefeitura. Ocorre que, após 1 ano de mandato, podemos observar que o “pulso firme” que se referia o então candidato era em relação aos trabalhadores e jovens, pois quando se trata de enfrentar os reais donos da cidade – a especulação imobiliária e as empresas de ônibus e lixo – a política é a mesma de seus antecessores.

Com o desgaste do governo Chedid, a oposição de “fachada”, composta por Gustavo Sartori, Jango, Fernão Dias, entre outros, reapareceu fazendo críticas à atual administração. Por mais que uma ou outra crítica desta oposição seja justa, fica claro que estes nada podem oferecer como alternativa, pois assim como Chedid, não apresentam nenhuma disposição em combater os reais donos da cidade.

É fundamental que após 01 ano do governo, tenhamos a clareza de que a prefeitura da cidade apenas mudou sua gerência, afinal a empresa de ônibus e lixo bem como a especulação imobiliária continuam a mandar na cidade.

O papel da Frente de Esquerda Bragantina

Nas eleições de 2016, consolidou-se um polo à esquerda da cidade, através da apresentação das candidaturas da Frente de Esquerda (composta pelo PSOL e por ativistas independentes).

Em 2017, a Frente de Esquerda foi, dentro do limite de suas forças, parte ativa na resistência na cidade. A frente compôs com sindicatos e outras organizações sociais a União Bragantina, que no primeiro semestre realizou atos e fechou rodovias contra as reformas de Temer. A Frente também realizou cursos de formação, cine-debates e distribuiu seu boletim em vários locais da cidade.

Em 2018, a Frente de Esquerda Bragantina vai manter a luta, não só mantendo suas atividades, como as ampliando e também estudando um programa completo para os trabalhadores e jovens de Bragança.

Imagem: Jornal Bragança em Pauta