Por: Rodrigo Tomazini, de Curitiba, PR
Há 28 anos em 30 de agosto de 1988, a população paranaense acompanhou estarrecida o ataque comandado pelo então governador Álvaro Dias (PV) aos professores que estavam reivindicando direitos. Aquilo que nunca mais deveria se repetir ocorreu de forma ainda mais truculenta a mando do governador Beto Richa (PSDB), em 29 de abril de 2015. Para que nunca mais se esqueça, todos os anos paralisamos nesses dias.
Esse ano a paralisação do dia 30 de agosto tem ainda maior importância. Os governos federal e estadual estão preparando uma série de ataques que, caso sejam aprovados, destruirão não somente os direitos dos servidores públicos, mas também os serviços públicos, atacando diretamente a grande maioria da população que é usuária do sistema e não pode pagar pelo privado. Esses ataques visam jogar a conta da crise econômica nas costas dos trabalhadores e garantir mais lucros para os grandes empresários dos setores privados de educação, saúde, segurança.
O PL 257, do governo Dilma e do PT e a PEC 241, de Temer e do PMDB, se complementam. A proposta é criar um teto de gastos para os serviços públicos que em poucos anos levaria à completa paralisia e sucateamento do sistema, voltando àquela velha ladainha neoliberal de que estão sucateados e devem ser privatizados. A falta de recursos trará congelamento de salários aos servidores que perderão poder de compra e caso queiram manter padrões de vida, inevitavelmente terão de se endividar. Se não bastasse o ataque ao direito à data base, virá também à carreira, já que progressões e promoções deixarão de ser pagas.
A proposta de Reforma da Previdência fará com que a juventude trabalhe até morrer. Ataca diretamente as mulheres, que trabalham de 4 a 5 horas a mais que os homens, aumentando ainda mais a idade de aposentadoria. Nem o direito adquirido está garantido. Os ataques e cortes não param por aí. Vem pela frente também uma reforma trabalhista que visa tirar os mais elementares direitos, conquistados com muita luta. Fora as várias declarações do engenheiro e Ministro da Saúde no sentido de privatização do SUS.
No Paraná, Beto Richa prepara mais um pacotaço
O governo Richa mandou, para a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), mais um pacotaço. Como a primeira versão foi rechaçada pelo funcionalismo público, pela OAB e até mesmo pela FIEP, o governo dividiu o pacote em seis projetos, para facilitar a aprovação e não gerar tanta polêmica. Uma das questões colocadas é a autorização para que o governo possa vender a Copele e a Sanepar sem precisar passar pela Alep. Vale lembrar que, assim como o pacotaço de 2015, o governo pretende aprovar em regime de urgência.
Os professores e funcionários protagonizam lutas muito importantes em todo o país desde o ano de 2010. A luta e a determinação dos educadores paranaenses ficou para a história. As greves no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro também. E as ocupações de escolas organizadas em vários estados pelos estudantes secundaristas, com destaque para a vitória em São Paulo contra o projeto de reorganização escolar do governo Alckmin (PSDB) mostraram o caminho e enfureceram os inimigos da educação.
É por isso que estão fazendo de tudo para desmobilizar e desmoralizar nossa categoria. O projeto Escola Sem Partido vem no sentido de calar os educadores. Querem impor a escola do partido único, o partido da burguesia, através da lei da mordaça. Querem calar um importante centro de resistência.
A falta do dia 29 de abril é outro exemplo de perseguição. O governador Beto Richa quer dividir e punir os educadores que lutam. Através do envio das faltas quer amedrontar, ameaçando de não pagar as progressões, que por sinal não são pagas há mais de um ano. Não é possível aceitar essa chantagem aos direitos.
É por isso que na terça feira, 30 de agosto, estaremos nas ruas de Curitiba. Precisamos nos organizar e retomar as grandes mobilizações do ano passado. Mais que isso, precisamos nos juntar aos demais trabalhadores para construir uma greve geral para derrotar não somente Beto Richa no Paraná, mas também Michel Temer (PMDB) e o Congresso Nacional.
Foto: Joka Madruga/ APP – Sindicato
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