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BRASIL

Luciana Genro vai ao Centro de Porto Alegre e discute segurança pública com a população

Por Matheus Gomes, de Porto Alegre(RS)

O intervalo do almoço das trabalhadoras e trabalhadores do Centro da capital gaúcha que passavam pela Esquina Democrática, também conhecida como “Esquina do Zaire”, foi agitado pela presença de Luciana Genro e a militância que constrói a frente “A vez da mudança”. O MAIS esteve presente e ergueu suas bandeiras. O apoio da população se expressou em diversos momentos durante as falas feita pelos candidatos e militantes da frente.

Essa semana a campanha ganhou as ruas: embalada pela pesquisa divulgada pelo IBOPE onde Luciana aparece com 23% dos votos, seguida por Raul Pont (PT) com 18%, Nelson Marchezan Jr (PSDB) com 12% e Sebastião Melo (PMDB) com 10%, a opção aos candidatos que defendem o ajuste e a retirada de direitos é cada vez mais a candidatura de Luciana.

Violência urbana no centro das discussões

A cidade acordou impactada pelo assassinato de uma trabalhadora em frente ao Colégio Dom Bosco na Zona Norte da capital. Ela esperava o filho quando sofreu uma tentativa de assalto e foi morta a tiros. Luciana Genro solidarizou-se com as vítimas da violência e apresentou suas propostas para o problema em Porto Alegre. Os principais pontos giram em torno da mudança na forma de atuação da Guarda Municipal, incrementando seu efetivo a transformando o caráter de guarda que atua essencialmente no serviço patrimonial para o eixo que ela chamou de “proteção a vida”, dando um caráter humanitário ao serviço. Também defendeu a instalação de alarmes comunitários, o envolvimento da EPTC e dos “azuizinhos” na segurança pública.

Na opinião do MAIS, é necessário deixar nítido que o combate a violência urbana passa, em primeiro lugar, pelo combate a desigualdade social, ou seja, o enfrentamento duro com as benesses dos mafiosos do transporte e a especulação imobiliária na cidade. O genocídio de jovens negros na periferia, bem como a defesa do fim da guerra às drogas, precisam estar no centro do discurso de Luciana, pois Porto Alegre também é “cidade túmulo” e parte das tristes estatísticas divulgadas essa semana pelo Mapa da Violência, que apontam um crescimento de 46,9% dos homicídios por arma de fogo entre a população negra.

Está nítido que a repressão não funciona e precisamos entrar nesse debate sem medo com a população, pois ele é parte do enfrentamento com as ideias reacionárias e racistas que ganham certo espaço nesse momento de crise social e insegurança generalizada. É preciso dizer que entre 2005 e 2014 o RS triplicou os gastos com segurança pública, mas os homicídios aumentaram 68,6%. Por isso, não concordamos com defesa de ação integrada com a Brigada Militar na cidade, como Luciana vem discutindo em suas entrevistas. Não consideramos essa medida uma ação paliativa, pois a política da BM como instituição não protege a população trabalhadora, pelo contrário.

Precisamos afirmar, antes de mais nada, a defesa da desmilitarização das polícias no Brasil, que foram criadas ainda na época da ditadura militar. Especialmente da BM, que tem sua origem no século XIX como instrumento de guerra da elite gaúcha. Há espaço para a discussão sobre o fim dos tribunais militares, como pautou o mandato de Pedro Ruas (candidato a vice-prefeito), que são instrumentos a serviço da impunidade dos assassinos de jovens negros e proteção do alto escalão da corporação; o direito de sindicalização dos policiais; eleição dos delegados e dos planos de atuação pelas próprias comunidades, entre outras medidas que, combinadas com a mobilização social e a organização popular, precisam denunciar o caráter de classe dessas instituições. Em sua ação pública e funcionamento interno, as polícias nada tem a ver com a segurança do povo trabalhador.

É preciso colocar a candidatura de Luciana Genro a serviço desses debates estratégicos, pois a população negra vítima do genocídio não tem mais tempo a perder!