Por: Jacó Almeida, diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores Ecetistas (Fentect) e membro do Comando Nacional de Negociações da Fentect
Nesta quarta-feira (20), os trabalhadores dos Correios deram início à greve nacional da categoria. Começou muito forte. Ao todo, 27 dos 36 sindicatos já aderiram no primeiro dia e a tendência é de a adesão aumentar. Só não ainda mais devido à federação Findect, ligada à CTB e ao PCdoB, que dirige os dois principais sindicatos, de São Paulo e Rio de Janeiro, ter boicotado o indicativo de greve aprovado pela maior federação da categoria, a Fentect, que dirige 31 sindicatos. Ajudou, com esta postura, a direção dos Correios e o governo Temer.
Greve contra a privatização e ataque aos direitos
A empresa de Correios vem sendo sucateada há vários anos. Ainda no governo Lula criaram um grupo de trabalho para fazer um estudo de reestruturação da empresa e já no governo Dilma aprovaram uma medida provisória (MP 532) que transformou a empresa em S/A e abriu a possibilidade de se constituírem subsidiárias, parcerias e até mesmo abrir o capital, facilitando sua privatização. Com a derrubada da Dilma pelo golpista Temer, intensificaram o desmonte com a demissão em massa através de Plano de Demissão Voluntária. Já saíram quase 20 mil trabalhadores e houve ataques a diversos direitos da categoria, como a suspensão das férias, criação de DDA, distribuição alternada e fechamento de agências e bancos postais, corte de férias, além das ameaças de demissões em massa se não atingirem à meta deles e adesão aos seus plano de “demissões voluntarias” .
Na data base da categoria, empresa e governo tentam impor ataques a conquistas históricas
A data base da categoria é em agosto, mas a empresa demorou quase dois meses para iniciar as negociações e quando iniciou já apresentou as primeiras propostas. Foram verdadeiros ataques a conquistas históricas da categoria. Estão querendo já impor ao nosso acordo a nova lei trabalhista aprovada pelo Congresso Nacional corrupto.
Os principais ataques são implementação de cobrança de mensalidade altíssima no nosso plano de saúde, diminuição do quantitativo de vale alimentação, criação do Banco de Horas, além de ataque a vários direitos das mulheres, como o fim do serviço interno quando da gravidez, redução do direito à licença para levar filhos ao médico, dificultar o acesso a exames de prevenção de doenças, retirada de todas as cláusulas do acordo que eram superiores à CLT, diminuição em média em 30% dos vales alimentação e refeição, aumento dos compartilhamentos, não definição de prazo de data base. Estas foram as primeiras cláusulas apresentadas pela empresa. Ainda faltam outras, mas o mais provável é existam ainda mais ataques.
Correios é a primeira categoria nacional a ter campanha salarial após a aprovação da nova lei trabalhista
Nós, trabalhadores dos Correios, somos a primeira categoria que em campanha salarial após a aprovação da nova lei trabalhista. Mesmo ainda não estando em vigor, o governo já está querendo impor um acordo baseado na nova lei, com sérios ataques a conquistas históricas dos trabalhadores Ecetistas. Por isso, esta greve tem que ser coberta de solidariedade de todas as entidades sindicais, centrais, movimentos sociais e partidos de esquerda. Se o governo conseguir impor um acordo aos Correios já com base a nova legislação, será uma derrota não só para os trabalhadores ecetistas, mas sim, para toda a classe trabalhadora.
A força da greve poderá derrotar postura intransigente da empresa e do governo
A força da greve de Correios poderá quebrar a intransigência da direção dos Correios e do governo, que vem desde o início tratando as negociações com muita intransigência. Primeiro, desmarcou as negociações por várias vezes e ainda fez uma proposta através do Tribunal Superior do Trabalho de prorrogação do acordo por quatro meses, para justamente iniciarmos as negociações com a nova lei trabalhista em vigência. Esta primeira manobra foi derrotada pela categoria, que não engoliu a manobra. Depois, vieram com diversas ameaças, principalmente a de não manter as cláusulas do acordo coletivo após a sua vigência, já que o mesmo venceu em agosto. Ainda, apresentou verdadeiros pacotes de maldades contra os trabalhadores nas negociações.
A resposta que a categoria deu foi a greve, que já começou com muita força e poderá ser ponto de estímulo para outras categorias também virem à luta, como petroleiros, metalúrgicos, funcionalismo, entre outros. Todo apoio à greve dos trabalhadores dos Correios, com a exigência de que o governo e a empresa atendam às justas reivindicações.
Comentários