Por: André Freire, colunista do Esquerda Online
Ciclo de debates programáticos organizado pela Frente Povo Sem Medo será uma oportunidade para construir uma nova alternativa de esquerda no Brasil. A partir de uma importante reunião realizada no último dia 18 de junho, organizada a partir da coordenação nacional do MTST, e que contou com a presença de vários setores da esquerda brasileira, a Frente Povo Sem Medo assumiu o desafio de organizar um ciclo de debates programáticos, com o significativo lema: Vamos, sem medo mudar o Brasil.
O momento exige coragem e ousadia para enfrentar, nas ruas, e de forma radical, a ofensiva da velha direita representada principalmente pelo governo ilegitimo de Temer, mas também para forjar um programa e um novo projeto político que busque superar pela esquerda a política de conciliação de classes da direção do PT.
É fundamental que todas as organizações da esquerda socialista e os ativistas que estão construindo as lutas contra as reformas reacionárias de Temer topem este desafio, e se engajem para valer nesta construção. Junto com o MTST e a Frente Povo Sem Medo, é muito importante que o PSOL de conjunto, o principal partido a fazer oposição de esquerda aos governos petistas, esteja à frente deste novo processo de reorganização política, que apenas se inicia.
Ficar de fora porque existem polêmicas políticas é uma postura equivocada, sectária, que não entende o grave momento em que vivemos em nosso país. Desde as nossas limitadas forças, o Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista – #MAIS, que acaba de anunciar seu ingresso no PSOL, está desde a reunião de junho passado comprometido com essa construção coletiva.
Os debates acontecerão prioritariamente em sete capitais brasileiras, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém, Salvador e Recife. Mas, estes debates podem acontecer em todas as capitais e cidades brasileiras mais importantes, basta termos a iniciativa e a capacidade de organizarmos estes eventos.
E o que é melhor, a orientação é fazer as atividades de forma aberta, se possível em praças públicas, para integrar o maior número de ativistas, jovens e trabalhadores. Há, ainda, um portal na internet, que será uma ferramenta importante para organizar e divulgar as atividades do ciclo de debates, sistematizando as principais propostas apresentadas.
Nossa proposta
Nestes debates, o #MAIS vai apresentar, para somar nas discussões coletivas, a proposta de construção de um programa anticapitalista para o Brasil, que embase a construção de um novo projeto político de independência de classe. Por exemplo, propomos que a plataforma “Vamos, sem de medo mudar o Brasil” assuma propostas que foram construídas e acumuladas nas lutas históricas dos movimentos sociais combativos brasileiros.
Para abrir a discussão, que deve ser rica e democrática, apresentamos alguns pontos programáticos, que consideramos fundamentais serem assumidos por todos e todas:
- Suspensão imediata do pagamento e auditoria independente da dívida pública, que todo ano consome, através de amortizações e seus juros astronômicos, praticamente metade do Orçamento da União;
- Fim das privatizações e reestatização das empresas privatizadas. Para começar, devemos propor retomar uma Petrobrás 100% estatal e sob controle do povo trabalhador, restabelecendo o monopólio estatal da exploração do petróleo e do pré-sal;
- Revogação de todas as reformas constitucionais reacionárias aprovadas pelo governo ilegitimo de Temer;
- Reforma tributária que garanta o cobrança de impostos progressivos sobre as grandes fortunas e grandes heranças. Para que a maioria da população pague menos impostos;
- Para combater o desemprego, reduzir a jornada de trabalho sem redução de salários e promover um plano de obras públicas que garanta a construção de novas escolas, universidades, hospitais, saneamento e casas populares;
- Defesa de uma reforma urbana que avance contra a especulação imobiliária e resolva o déficit habitacional brasileiro;
- Reforma Agrária sob controle dos trabalhadores rurais sem terra;
- De forma imediata, dobrar os investimentos públicos nos setores sociais, tais como: educação, saúde, habitação, transporte e saneamento;
- Lutar contra toda a forma de opressão e exploração. Nosso lugar é ao lado da luta dos negros e negras, das mulheres e da comunidade LGBT. Unir forças contra a extrema-direita;
- Pelo fim da chamada guerra às drogas, que mata diariamente a nossa juventude negra nas comunidades carentes brasileiras. Para isso, avançar na luta pela descriminalização das drogas, como já está sendo realizado em vários países.
Apresentamos estes 10 pontos para a abrir a discussão. Sabemos que para conseguirmos estas conquistas, e outras que surjam de nossa discussão coletiva, vamos precisar de muita luta e organização. Apenas um amplo processo de mobilização tornará possível conquistar nossas reivindicações históricas.
Nossa luta segue sendo pela construção de um governo dos trabalhadores e do povo, que mude de verdade nosso país.
Comentários