Editorial 26 de maio
A crise política ganhou ainda mais intensidade. O elevado estado de confusão nas alturas abriu uma brecha importante à classe trabalhadora. A gigantesca manifestação em Brasilia, na quarta-feira (24), impactou a conjuntura, colocando novas possibilidades e desafios.
O tamanho do protesto, a coragem da resistência diante da brutal repressão policial e a força da mensagem política do “Fora Temer e por Diretas, Já” ecoou no Brasil e no mundo. Nos principais jornais estrangeiros, nas rodas reservadas da elite econômica e política e no noticiário da grande mídia nacional,“Brasília em chamas” foi o destaque.
A burguesia está preocupada, assustada. Em meio a esse cenário de tumulto, os representantes políticos da direita debatem aflitos: “O que fazer agora?”
Temer agarra-se à Presidência. Acena aos grandes empresários prometendo seguir a agenda de reformas, mas o fato é que suas condições de governabilidade são críticas. O apoio da classe dominante, sua única base de sustentação real, esvazia-se a cada dia.
O caos político começa a contaminar a frágil perspectiva de recuperação econômica. O PSDB e alas do PMDB, por exemplo, já negociam a sucessão do peemedebista numa eventual eleição indireta no Congresso. Nomes como Fernando Henrique (FHC), Nelson Jobim e Tasso Jereissati estão na mesa. A aposta desses setores é de que Temer seja cassado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julgará as contas eleitorais da chapa Dilma/Temer no dia 6 de junho.
As frações empresariais que defendem a substituição de Temer, como as Organizações Globo, querem uma sucessão rápida e controlada, que assegure a continuidade das reformas reacionárias. Por isso, para eles, é vital a eleição indireta de um nome que esteja fora da fogueira da Lava Jato.
Qualquer negociação vinda do PT e de Lula, tendo em vista um nome de “centro” em eleição indireta, como se especula na mídia, deve ser rechaçado prontamente pelos trabalhadores e pelo conjunto da esquerda. A tarefa imediata é outra. Com a crise instalada no andar de cima, uma janela se abriu para a classe trabalhadora e o povo. É hora de aproveitá-la sem medo. Não temos tempo para perder. Para tanto, é fundamental dar sequência à mobilização de massas.
Nossa chance de vitória está na força das ruas. Nesse momento, é decisiva a convocação imediata de uma nova greve geral, ainda mais forte e radical que a de 28 de abril. As centrais sindicais têm a obrigação de marcar a data, pois já estão atrasadas. Se não a fizerem, tornarão-se cúmplices dos planos da burguesia para restabelecer a “ordem” e seguir com a retirada de direitos.
É possível derrotar as reformas da Previdência e Trabalhista. É possível derrubar Temer e garantir eleições diretas para presidente e para o Congresso. Com a força dos trabalhadores e do povo, podemos mudar o Brasil. Vamos adiante!
Foto: Carol Burgos | Esquerda Online
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