Por: Evandro Castagna, de Curitiba, PR
Aconteceu entre os dias 05 e 15 de agosto em Curitiba, no Paraná, o chamado Circo da Democracia. Este grande evento foi organizado por mais de cem entidades populares, sindicais e da juventude. Longe de expressar unicamente o ‘volta Dilma’, no Circo da Democracia não faltaram críticas aos ‘pactos com o povo do andar cima’, como afirmou Guilherme Boullos (MTST) e às medidas contra os trabalhadores protagonizados por Dilma e Lula, como denunciadas por Sara Granemann (NOS).
Dilma discursou para aproximadamente mil pessoas. Mas, os ataques aos serviços públicos e aos direitos dos trabalhadores que aconteceram antes mesmo do impeachment se concretizar fizeram o discurso da ex-presidente não fazer muito sentido para grande parte das lideranças sindicais, dos ativistas jovens e trabalhadores mais conscientes.
A denúncia de Dilma sobre o processo de avanço da criminalização dos movimentos sociais, no evento, por exemplo, entrou em direta contradição com a Lei Antiterrorismo aprovada por ela contra a vontade da bancada do partido e da base social que a elegeu, antes da manobra reacionária que a tirou do governo.
O ponto mais retrógrado do evento foi a participação de lideranças de partidos burgueses, representados pelo Senador Roberto Requião (PMDB) e Ciro Gomes (PDT). Expressa os desejos da ala mais conciliadora do PT e PCdoB, que ensaia, já para as próximas eleições municipais, novas alianças com partidos patronais.
A desmoralização dos trabalhadores e da esquerda e o fortalecimento da direita no país é conseqüência direta desta política inconsequente e traidora. Infelizmente, estas direções não aprendem com os erros. Demonstram na prática que não serão consequentes com a luta contra as medidas anticrise do capital, pois buscam, a cada passo, novas alianças com ele.
Para as organizações e os ativistas que participaram do Circo resta a necessidade de, a partir de um balanço dos 13 anos de governo de conciliação de classes, reconstruírem um novo movimento de esquerda, independente, classista, que levante de forma conseqüente um programa que tire das costas da classe trabalhadora a crise dos ricos.
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