Especial Saúde e Segurança do Trabalhador
Por: Lucas Fogaça*, de Sapucaia do Sul, RS
Uma tragédia tomou conta da pequena cidade de São Luiz Gonzaga no Noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Neste domingo (23), dois operários morreram soterrados por 40 toneladas de soja em um poço da empresa C.Vale. João de Oliveira Rosa (38 anos) e Edgar Jardel Fragoso Fernandes (30 anos) foram encontrados sob dez metros de grãos de soja. Os bombeiros usaram três equipamentos sugadores e, mesmo assim, demoraram mais de seis horas para encontrar os corpos.
O site de notícias G1 noticiou que, de acordo com os bombeiros, o acidente aconteceu quando um dos funcionários usou uma taquara para desentupir o canal que liga os dois silos e o restante da carga, que seria descarregada no poço onde eles estavam. “No momento em que eles abriram o bolsão para liberar, teve uma avalanche, e eles acabaram soterrados”, contou o sargento dos bombeiros Carlos Roberto do Canto, que foi ao local.
Todo Acidente pode ser evitado
A empresa e a grande mídia falam do desastre de São Luiz Gonzaga querendo, nas entrelinhas, dizer que foi uma fatalidade, um caso fortuito, algo que não poderia ser diferente. Que devemos, portanto, naturalizá-lo. Não. Todo acidente pode ser evitado.
Os trabalhadores estavam sem os equipamentos básicos de segurança, como capacete, cabo guia e cinto, num local de difícil acesso. Tinham a Permissão de Trabalho (PT) que deve ser concedida pela gestão da empresa para acessar o local de difícil acesso? Não era possível investir em um sistema automatizado para desentupir os canais dos silos? Numa porta que bloqueasse a entrada no poço, salvo expressa e em rara circunstância? Receberam treinamento adequado para entrar no poço? Quantas vezes os trabalhadores da empresa foram submetidos a essa situação de risco grave e eminente nos últimos anos? Essas e dezenas de outras perguntas ficarão na cabeça dos familiares e colegas das vítimas por anos. Suas dores serão marcadas pela raiva da empresa e pela dúvida de como poderia ter sido “se” a empresa tivesse investido mais, “se” os órgãos de fiscalização fossem menos ausentes, “se”, “se” e “se”. Havia inúmeras formas de prevenção e, em último caso, de controle e redução de danos caso ocorresse um acidente. Mas, como sempre, para os capitalistas o lucro está acima da vida.
Foto: Amanda Lima, da Rádio Missioneira
#ACulpaNãoÉdaVítima
A delegada de Polícia responsável Elaine Schons e o Grupo RBS (afiliado local da Rede Globo) se adiantam em insinuar que a culpa pela morte são dos próprios trabalhadores. A delegada não hesitou em afirmar que a conduta dos trabalhadores foi imprudente. O que a delegada não se perguntou é por que um trabalhador com plena saúde mental se coloca em tamanha situação de risco. Com mais de 12 milhões de desempregados no país, os baixos salários e os altos preços, os trabalhadores se submetem às piores e mais inseguras condições. Sabe que caso se negue poderá ser demitido afinal “lá fora tá pior” como diz o jargão das fábricas hoje em dia.
A culpe dessa tragédia é dos capitalistas e dos administradores da empresa que sugam a riqueza produzida pelos trabalhadores. Mirando só o lucro gastam com muita propaganda, às vezes com financiamento de políticos, e sempre no que for preciso para produzir mais com menos. A saúde e segurança do trabalhador é sempre o último item da lista de investimentos das empresas. A C.VALE não é uma empresa de fundo de quintal, mas uma importante cooperativa transnacional, uma das maiores empresas do ramo no país. Em seu site (http://www.cvale.com.br/
28 de abril: parar o Brasil em defesa da saúde e segurança do trabalhador
Nos solidarizamos com os familiares, colegas e amigos das vítimas. Essa tragédia marca a história de acidentes de trabalho no Rio Grande do Sul. E nós não esqueceremos de João Rosa e Edgar Fernandes que morreram vítimas da ganância capitalista e do descaso fiscalizatório das “autoridades”.
Toda vez que uma máquina para porque estragou, faltou matéria prima ou se está desenvolvendo um processo os capitalistas se fazem de tudo o possível para a máquina parar o menor tempo possível. Máquina parada não dá lucro. Quando é pra produção o patrão é rapidinho. Agora quando é pro trabalhador o patrão é sempre muito demorado. Nesse dia 28 de Abril paremos as máquinas, paremos a produção do Brasil. É a melhor forma de dizer aos capitalistas que basta! Nenhuma reforma de Temer, nenhum ataques aos nossos direitos! E pela vida dos trabalhadores! João Rosa e Edgar, nesta sexta de Greve Geral iremos em especial por vocês!
Foto: Amanda Lima/Radio Missioneira
http://g1.globo.com/rs/rio-
Comentários