Por: Gabriel Casoni, da Coordenação Nacional do MAIS
A presidente afastada, Dilma Rousseff, fez nesta terça-feira (16) seu último apelo antes do julgamento final do impeachment. Em carta intitulada ‘Mensagem ao Senado e ao Povo Brasileiro’, Dilma disse que é vítima de um “inequívoco golpe” e defendeu um plebiscito para a realização de novas eleições e a reforma política. A presidente afirmou que “não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente”. Defendeu também um “pacto pela unidade nacional” e um “amplo diálogo entre todas as forças vivas da nação brasileira”.
Ao bem da verdade, a carta de Dilma chega num momento em que nem mesmo o PT de fato quer derrotar o impeachment. Lula contenta-se com a perspectiva de desgaste de Temer e a sua provável candidatura em 2018. Já a CUT e o MST não apoiam a proposta de novas eleições, e tampouco estão empenhados na construção de uma efetiva mobilização social pelo Fora Temer. Até mesmo para enfrentar as contrarreformas e o ajuste neoliberal, o petismo faz pouco caso, como ficou evidenciado no tímido dia nacional de lutas – ocorrido ontem, dia 16 – convocado pelas centrais sindicais.
Por sua vez, a classe dominante está convicta do afastamento definitivo de Dilma: a grande mídia e o empresariado, por exemplo, trata o governo petista como página virada, coisa do passado. A votação final do impeachment, assim, apenas sacramentará a manobra reacionária que colocou Michel Temer (PMDB) no Palácio do Planalto.
Enquanto a direita festeja o impeachment e o PT, mais uma vez, faz o jogo dos poderosos, o povo brasileiro vive tempos difíceis. A economia acumula uma recessão na casa dos 5%. O desemprego praticamente dobrou em dois anos e não para de aumentar: já passou dos 11%, o que significa mais de 10 milhões de pessoas que procuram e não encontram trabalho. A inflação dos alimentos supera os 12% e os juros seguem nas alturas. Tão logo termine a Olimpíada, um duro pacote de corte gastos sociais e reformas que retiram direitos históricos estarão colocados na ordem do dia.
Como vimos, poucos deram bola para a carta de Dilma. A direita desdenhou e o PT nem levou a sério. O povo brasileiro tampouco está disposto a lutar pelo ‘volta Dilma’. Os trabalhadores se lembram do corte de direitos, do ajuste de Levy e das mentiras eleitorais do PT.
O desafio para a esquerda combativa, agora, é construir um amplo processo de mobilização unitária para derrotar o governo Temer e seus ataques brutais ao povo trabalhador.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
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