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EDITORIAL

28 de abril: quatro propostas para a construção da Greve Geral

31/03/2017- São Paulo- SP, Brasil- Ato contra a reforma da previdência na avenida Paulista. Foto: Roberto Parizotti / CUT

Editorial 03 de abril

A luta de classes ganhou ímpeto nas últimas semanas. Os desequilíbrios se acentuaram e o quadro político revela uma conjuntura de desdobramentos imprevisíveis. Abril promete inaugurar um outono quente. Nesse sentido, a Greve Geral, marcada para o final do mês, aparece como um momento chave, no qual a classe trabalhadora pode começar a virar o jogo.

Faltam quatro semanas para o dia 28 de Abril. Embora a data da Greve Geral tenha ficado distante, é necessário aproveitar cada dia para intensificar a sua construção. Essa é a tarefa central do momento. O êxito da Greve passa pelo envolvimento ativo da base dos trabalhadores e pela conquista do apoio da ampla maioria da população.

Com o objetivo a preparação do dia 28 de Abril, apresentamos quatro passos para a construção da Greve Geral.

1) Ganhar o apoio dos trabalhadores e da população

O primeiro passo consiste na mais ampla divulgação dos objetivos da Greve Geral para o conjunto dos trabalhadores e o povo. Muitas pessoas, ainda que estejam contrárias ao governo, não sabem bem as reais consequências do pacote de Reformas, e sabem menos da importância da Greve para derrotar os projetos.

Por isso, todas as entidades sindicais e populares, os movimentos sociais e os coletivos contra a opressão, os partidos de esquerda e as lideranças políticas, devem usar de todos meios possíveis para fazer a disputa de consciência. As panfletagens nos locais de trabalho e estudo, as conversas e reuniões nos bairros, as agitações nas principais concentrações populares (metrô, feiras, calçadões) e o uso intenso das redes sociais são essenciais. As atividades culturais e sociais, assim como os debates públicos e palestras, também ajudam muito na construção da greve.

2) Organizar pela base desde já

O sucesso da Greve Geral depende, em grande medida, do envolvimento ativo dos trabalhadores e da juventude. Por isso, não basta apenas as centrais e os sindicatos “decretarem” o dia da greve, como uma ordem burocrática que vem de cima para baixo. É preciso envolver na construção do dia 28 a base das categorias, os alunos na sala de aula e os moradores nos bairros.

Nesse sentido, a existência de assembleias, plenárias abertas, comitês de preparação, reuniões ampliadas, enfim, todas as formas de organização democrática que permitam que a base participe do processo de construção da Greve são fundamentais. Cada local pode e deve definir a melhor forma de organização, de acordo com sua realidade específica.

3) Construir com unidade e democracia

Para que a Greve Geral seja forte, é muito importante que ela seja construída do modo mais unitário e democrático possível. Todas as organizações, partidos, posições políticas, coletivos, isto é, todos os setores que estejam empenhados na construção da greve, devem participar e ajudar a definir os rumos do movimento. A unidade na diversidade é central e não impede o debate respeitoso e fraterno das diferenças políticas e ideológicas que existem na esquerda e nos movimentos.

Por outro lado, sem a construção democrática, o movimento se esvazia e a greve perde intensidade. É preciso que as bases possam decidir sobre suas próprias ações. Sabemos que muitas direções sindicais e políticas simplesmente ignoram os espaços democráticos e se impõem burocraticamente sobre o movimento. Não podemos aceitar esse tipo de conduta. É necessário lutar pela máxima democracia na construção da Greve Geral.

4) Estratégia para vencer: derrubar Temer nas ruas

A existência de um dia de Greve Geral é um passo qualitativo para o enfretamento contra as Reformas, mas não garante a vitória da nossa luta. Sem uma estratégia consequente para derrotar Temer, o ‘28 de Abril’ pode ser um dia forte de paralisação e manifestações e mesmo assim o governo aprovar as medidas.

Tendo em conta isso, a responsabilidade que pesa sobre as entidades sindicais, lideranças e organizações políticas – Lula, CUT, PT e as demais centrais e organizações – é gigante.

Sem a massificação e a radicalização da resistência, não será possível triunfar. Temer tem o apoio dos grandes capitalistas, da maioria do Congresso e não se importa com sua impopularidade. Para derrota-lo será preciso derruba-lo nas ruas. Para tanto, as principais direções devem ter esse objetivo estratégico e atuar de fato para sua concretização. Fazer apenas pressão de desgaste e esperar as eleições de 2018 é o caminho para a derrota.

Foto: Roberto Parizotti / CUT

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