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CULTURA

Entrevista: minas do graffiti

Por: Elber Almeida, do ABC

O Esquerda Online entrevistou duas grafiteiras da grande São Paulo: Mel, do ABC e Pelox, da Capital. Em meio à perseguição à arte do graffiti promovida pelo governo Dória, em São Paulo, e por Orlando Morando, em São Bernardo do Campo, ambos do PSDB, vale à pena conferir a opinião das minas que fazem a arte de rua.

EO: Há quanto tempo você grafita, e por quê?

Mel Zabunov: Graffito há 9 anos, achei a melhor expressão que é ir para a rua e usar cores para passar uma mensagem positiva, de amor e autoestima.

EO: Como mulher, você já sofreu machismo no meio do grafite e do hip hop?

Mel Zabunov: Nunca sofri machismo, pelo contrário, sempre fui muito bem aceita no movimento.

EO: Como as mulheres fazem seu trampo no graffiti? Existe alguma parceria entre as grafiteiras?

Mel Zabunov: Hoje existe bastante parceria, inclusive mulheres fazem questão de pintar juntas, de fazer eventos e conversar sobre assuntos em comum neste movimento.

EO: Como você vê a cena do grafite no ABC? As ações de Dória em São Paulo afetam o que ocorre aqui?

Mel Zabunov: Ainda vejo a cena em SBC um pouco parada. Muitos artistas da cidade preferem pintar fora, acho triste, prezo muito potencializar minha cidade em relação à arte. Já as atitudes do Dória não têm me afetado aqui em São Bernardo em relação à arte de rua, muito pelo contrário, estamos na ativa sem nenhum problema.

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EO: Há quanto tempo você grafita, e por quê?

PELOX: Grafito há 3 anos, por incentivo de uma amiga, professora de artes numa escola onde trabalhei. Sempre desenhei, mas havia parado um bom tempo, Quando ela viu meus desenhos, me incentivou a colocá-los nos muros. Principalmente, minha persona… Daí originou a Pelox.

EO: Como mulher, você já sofreu machismo no meio do grafite e do hip hop?

PELOX: Sim, é difícil explicar, mas os homens têm mania de não envolver mulher na parada, tipo, só chama os caras para pintar e não lembram que também tem mana na rua. Em eventos fechados acontece muito, quando organizado por homens, não ter nenhuma mana pintando. Às vezes até um rolezinho qualquer eles não chamam. Porém, isso tem sido quebrado aos poucos, já temos parceiros que gostam da presença da mulher e estão começando a chamar.

EO: Como as mulheres fazem seu trampo no graffiti? Existe alguma parceria entre as grafiteiras?

PELOX: Estamos caminhando. Bom, mulher é da hora. Nunca senti nenhum tipo de repressão. Quando as manas se juntam pra pintar, uhuuul, é muita risada da hora e muita diversão. Então, quando a mulher vai grafitar ela vai de coração aberto pro rolê dela, com outras manas da hora e já “eras”.

EO: Como você vê as ações de Dória com relação aos grafiteiros e pixadores? O que explica ele fazer isso?

PELOX: Na real, o Dória é um empresário, playboyzinho, quis banir os pixadores porque não quer escutar, nem de longe, a voz do guetto. Apagou os graffites porque quer nos controlar, tipo assim, ele apagou para cadastrar os graffiteiros que iriam participar do próximo “mural”. Só que não deu certo… Amém! Aqui na minha quebrada não senti nada, aliás ele nem conhece aqui, um lugar esquecido por esses ordinários. É bom porque tem muro a rodo e bora pintar todos, sem dó!

Marcado como:
graffiti / mulheres / pixo