Por: Náthalia Lucia Gonçalves[1], de Santo André, SP
Jogo Privado de Espelhos de Lucas Silva é um livro de ficção política que mostra um futuro que está a poucos anos de acontecer. Sua trama não linear e cheia de suspense coloca personagens distintos em um ambiente que reina a dúvida se esse futuro já não está ocorrendo.
São Paulo foi divida territorialmente entre a iniciativa publica e privada, sendo as áreas de Fragilidade Econômica os locais aonde são postos sob os cuidados das empresa privadas. A parte que é conhecida como o centro velho (Brás, Anhangabaú, Luz, etc) está sob os cuidados de um conglomerado de várias empresas conhecido como a Repartição. Esse grupo terceirizou e “quarteirizou” os serviços básicos para outros grupos menores, nacionais e internacionais.
Essa São Paulo do futuro é um pouco fria e sem esperança. Lucas Silva recorre a uma visão de futuro próxima de autores como Ignácio de Loiola Brandão, William Gibson e Philip K. Dick, para tornar os poucos avanços tecnológicos e econômicos desse mundo mais palpáveis para o nosso presente, como por exemplo, os trajes sonoros que jovens de periferia usam, que mudam de cor conforme o tom da musica.
Nesse ambiente a trama de Jogo Privado de Espelhos acontece. Ela tem dois fatores importantes: Uma tentativa de um desvio de milhões de reais que acabou por não dar certo e o sequestro de uma criança, filha de um famoso empresário.
Lucas Silva usa de interessantes ideias para contar sua história. Ele brinca com a proposta de uma São Paulo privatizada, para com isso “terceirizar” a trama do livro. Há um uso de metalinguagem de que a história principal é fragmentada em sete contos, passados dentro de uma semana, que mostram pontos de vista pessoal de cada personagem.
Mas isso não torna a trama complexa, ela existe entre as histórias de cada personagem. Claro que sua proposta é fazer com que o leitor vá a recolhendo aos poucos. Por isso não existe uma linearidade na narrativa, os dias da semana não estão em uma ordem cronológica. Só que como a trama de Pulp Fiction, vemos as coisas se encaixando, personagens que acompanhamos a morte sendo peças relevantes do conjunto principal do livro, retornando para fazer parte de outras histórias.
Em Jogo Privado de Espelhos, Lucas Silva teve como objetivo quebrar um pouco a rotina das narrativas mais lineares, sem com isso perder o sentido da história, que leva o leitor a conhecer muitos personagens e histórias fascinantes, desprezíveis, normais e peculiares.
Jogo Privado de Espelhos foi lançado pelo Site Colunas Tortas em formato digital (e-book)
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[1] Nathália Lucia Gonçalves é formada em letras pelo Centro Universitário Fundação Santo André em 2012. E trabalha como revisora ortográfica e redatora publicitária freelancer.
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