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BRASIL

Que moral tem o coordenador do MBL, Renan Santos, para xingar os professores (as)?

 

Por: Moisés Corrêa*, do ABC, SP

Na tarde do último domingo (12), Kim Kataguiri e Renan Santos, coordenadores do MBL, participaram de uma mesa de discussões na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, no intuito de fortalecer ainda mais o movimento ao qual fazem parte.

Pode-se dizer que tudo corria na maior tranquilidade até o momento em que um professor se levantou para fazer uma indagação à mesa a respeito da paralisação que aconteceria nesta quarta-feira (15). Então, perguntou o professor: “Como vocês veem o movimento e o que vocês acham da paralisação nacional de professores (as) no próximo dia 15?”

Para a surpresa de alguns, porém não para a minha, os líderes do MBL mostraram sua cara e começaram a responder, mas Renan Santos foi enfático ao dizer que os professores realizam seu trabalho porcamente na sala de aula e que quem sofre com isso são os estudantes, pois os professores só se manifestam para aumento de salário, não para melhorias reais no ensino.

Após esse momento, uma professora se levantou e disse que ela não realiza porcamente seu trabalho em sala de aula e, logo em seguida, outro professor pediu para que a plateia que ali estava saudasse os professores do Brasil com uma salva de palmas e assim foi feito.

Mas quem é Renan Santos?
Coordenador nacional do MBL, Renan Santos é réu em, pelo menos, 16 ações cíveis e mais 45 processos trabalhistas, incluindo os que estão em seu nome e o das empresas de que é sócio. Entre as ações estão o fechamento fraudulento de empresas, dívidas fiscais, fraude contra credores, calote em pagamento de dívidas trabalhistas e ações de danos morais, totalizando mais de R$ 4,9 milhões.

Em 2016, vazou um áudio de WhatsApp no qual o mesmo afirmava que havia recebido dinheiro de partidos políticos como DEM, PSDB, SD e PMDB para financiar as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff.

Ora, como um movimento que se dizia apartidário estava recebendo dinheiro de partidos políticos para tais atos?

Diante do exposto acima, quem Renan Santos pensa que é para classificar como “porco” o trabalho daquela professora que tem que enfrentar situações completamente adversas para dar aulas no sertão do Nordeste? Para classificar como “porco” o trabalho de uma professora, por exemplo, na rede pública de São Paulo que tem que enfrentar salas de aulas com mais de 50 alunos? Para classificar como “porco” o trabalho das professoras que trabalham 40h semanais para ganhar em média R$ 2 mil e ainda ter que cuidar da casa, dos filhos, do marido?

Renan, é você que se alimenta às custas dos trabalhadores, não os professores(as). Além disso, “luta” para que as leis trabalhistas sejam extintas com a Reforma Trabalhista. Pois quem sabe, assim, a grande maioria desses processos que estão sobre suas costas não sejam perdoados pela justiça, não é mesmo? Não estaremos nas ruas com o MBL no dia 26, mas estaremos nas ruas com os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil no dia 15, rumo à greve geral no país.

*professor de sociologia

Foto: Reprodução