Por Karen Capelesso e Eric Gil, de Curitiba, PR
Os efeitos negativos da Reforma da Previdência (PEC 287) atingirão a todos os trabalhadores. Piorarão as vidas de homens e mulheres, operários e agricultores, jovens e idosos. No entanto, as mulheres estarão entre os setores mais prejudicados com essa reforma. Não é a toa que os atos do 08 de março, dia internacional da mulher, teve com uma das pautas centrais nas manifestações de norte a sul do país a defesa do direito a aposentadoria.
Primeiramente temos que, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2015 (a edição mais recente, disponível no site da Previdência), os benefícios pagos para homens representaram 50,8% da quantidade e 57,7% do valor total, o que fez com que o valor médio masculinos fosse 32% maior do que o feminino, respectivamente R$ 1.260,41 e R$ 954,78.
Além disto, segundo o IBGE, no 4º trimestre de 2016, a taxa de desemprego foi de 10,7% para os homens e 13,8% para as mulheres, sendo a taxa total para este período de 12%. Ou seja, as mulheres sofrem mais com o desemprego do que os homens e isso tem uma relação direta com a questão da previdência, pois quanto maior o tempo de desemprego, mais tempo elas ficam sem contribuir o que leva elas demorem mais para conseguir o tempo de serviço necessário para aposentadoria.
Em terceiro lugar, temos que a mulher trabalha muito mais do que o homem. Pesquisa do Ipea – a partir de dados da Pnad, do IBGE – demonstrou que as mulheres, por conta da dupla jornada, trabalhavam 7,5h a mais do que os homens por semana. Bem, vamos fazer alguns cálculos simples. Considerando 7,5h a mais por semana, teríamos que em 11 meses (considerando um mês de férias, que nem sempre é verdade), então um ano de trabalho, as mulheres trabalhariam 359,5h a mais do que os homens. Considerando isto, em 49 anos de contribuição previdenciária (que será o mínimo para ganhar a integralidade), a mulher teria trabalhado 17,6 mil horas a mais do que os homens. Isto equivale a 2.202 dias a mais de jornada de trabalho (de 8h diárias e de 5 dias por semana), o que quer dizer que a mulher teve 3,06 anos a mais de trabalho do que o homem. Além disto, temos que considerar que o trabalho é mais intenso, pois é feito em um espaço de tempo menor, o que deteriora ainda mais o corpo e a mente de qualquer ser humano.
A combinação da opressão machista e da exploração capitalista torna a vida da mulher trabalhadora ainda mais dura. Portanto, ataques como a reforma da previdência, que praticamente acaba com o direito da aposentadoria para todos trabalhadores, para as mulheres é muito mais grave. Se no 08 de março milhares de mulheres foram as ruas, no dia 15 retornarão com o recado em alto e bom som: Aposentadoria fica, Temer sai!
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