EDITORIAL 8 DE MARÇO |
No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, um dia tradicional de atos e mobilizações em várias cidades pelo mundo. No entanto, este 8 de março tem um sentido especial, pelo próprio histórico da data e por estar diante de uma conjuntura bastante delicada no que diz respeito a luta das mulheres e dos setores oprimidos da classe trabalhadora.
Existe uma relação especial do 8 de março com a história da luta dos movimentos da classe trabalhadora e a tradição socialista. Foi no dia 08 de março de 1917, 23 de fevereiro no calendário gregoriano, que por virtude do dia internacional das mulheres, as russas tomaram as ruas protagonizando manifestações contra a carestia de vida que levaria ao fim do czarismo e seria o germe da Revolução de Outubro.
O 8 de março é reconhecido como Dia Internacional das Mulheres pela UNESCO desde 1975, mas a data e a necessidade da construção de um dia internacional de luta das mulheres foi proposta por iniciativa das militantes socialistas tendo Clara Zetkin, Luise Zietz e Alexandra Kollontai como seus principais expoentes.
Em 2017, temos muito motivos para ir às ruas. Desde a crise econômica de 2008 acentua-se as medidas de austeridade e retirada de políticas sociais. No país mais importante do capitalismo, os Estados Unidos, o presidente recém eleito Donald Trump é a síntese do que combatemos: um misógino, rico, inimigo das mulheres, lgbts, negras e imigrantes. Vemos ministros, como recentemente na Polônia, que defendem abertamente a desigualdade entre homens e mulheres. Discursos que nos acendem um alerta.
No Brasil, Michel Temer sobe ao poder com a missão de aplicar medidas duras de retirada de direitos que irão prejudicar ainda mais as mulheres trabalhadoras. A reforma da previdência basicamente acaba com o nosso direito da aposentadoria. Querem com um discurso de igualdade de gênero igualar a idade de aposentadoria entre homens e mulheres, sendo que a realidade é outra.
Longe de caminharmos para a igualdade, vemos um aumento entre a diferença de carga de trabalho das mulheres em relação aos homens nos últimos 10 anos, acumulando uma diferença de quase 8 horas a mais. Além disso, continuamos a ganhar quase 30% a menos e somos a maioria entre os desempregados. O Brasil hoje é 2° país com maior desigualdade nas relações de trabalho entre homens e mulheres, perdendo somente para a Angola. Entre as mulheres negras essa desigualdade se acentua: ganham em média 42% a menos que um homem branco e ocupam a maioria dos postos mais precários de trabalho.
A violência contra a mulher cresce no mundo inteiro atingindo níveis epidêmicos. Só no Brasil, de 2015 para 2016, a violência machista aumentou 44,7%, aqui novamente as mulheres negras são as principais vítimas: das 13 mulheres que morrem diariamente vítimas do feminicídio, 8 são negras. Entre as mulheres trans, a expectativa de vida é em média de 35 anos.
Casos de mortes bárbaras como de Dandara, mulher trans, Claúdia da Silva, mulher negra da periferia, Luana, mulher lésbica, se repetem diariamente. O caso do goleiro Bruno e a forma que foi recepcionado pela sociedade, chegando a ter 9 propostas de trabalho imediatamente após a saída da prisão é emblemático e demonstra que vivemos em uma sociedade que vê como natural a violência contra a mulher. Somente no carnaval do Rio de Janeiro deste ano uma mulher foi agredida a cada 3 minutos.
Este 8 de março explicita um aumento dos ataques aos direitos das mulheres, maior audiência de discursos conservadores e ao mesmo tempo a tentativa de construir uma saída. Contagiado pelos levantes das mulheres contra a violência na América Latina, simbolizado pelo movimento Ni Una a Menos, após a morte cruel da jovem Lucia Perez, as greves na Islândia e da Polônia pela defesa do direito ao aborto legal, a marcha de mulheres contra Trump, maior manifestação ocorrida nos Estados Unidos em décadas, superando os atos contra a guerra do Vietnã e do Afeganistão demonstra a iniciativa de construir uma resistência em um cenário difícil.
O chamado para a greve internacional de mulheres, com adesão de 50 países, neste 8 de março, é mais um exemplo que é preciso unidade entre os oprimidos e explorados para barrar todos os ataques. Não toleramos mais morrer por sermos mulheres, por sermos LGBTs, por sermos negras. Não vamos mais pagar com os nossos direitos a crise econômica do capitalismo. Nós seremos aquelas e aqueles que irão parar e ir às ruas neste 8M de norte ao sul do país para lutar contra a violência a mulher, por nem uma a menos, contra os ataques, por nenhum direito a menos.
Confira alguns dos atos que já estão marcados:
Aracajú – SE: 08:30 horas, concentração na Praça General Valadão.
Belém – PA: 08:30 horas, concentração no Largo do Redondo.
Belo Horizonte – MG: 15:30 horas, concentração na Praça da Liberdade.
Curitiba – PR: 17 horas, concentração na Praça Santos Andrade.
Brasília – DF: 16 horas, concentração Museu da República na Esplanada dos Ministérios.
Florianópolis – SC: 18 horas, concentração no Ticen.
Fortaleza – CE: 08 horas, concentração na Praça da Imprensa.
Goiânia – GO: 17 horas, concentração na Praça do Bandeirante.
João Pessoa – PB: 07 horas, concentração na Praça 1817 e ato às 11 horas na Praça João Pessoa.
Macapá – AP: 16 horas, concentração Praça Veiga Cabral.
Maceió – AL: 08:30 horas, concentração Praça do Sinimbu.
Manaus – AM: 15 horas, concentração na Praça Saudade.
Natal – RN: 08 horas, concentração na Câmara dos Vereadores e 15:00 horas, concentração no INSS.
Porto Alegre – RS: 17 horas, concentração na Esquina Democrática.
Recife – PE: 14 horas, concentração no Parque 13 de Maio.
Rio de Janeiro – RJ: 16 horas, concentração na Candelária.
Salvador – BA: 13 horas, concentração na Praça da Piedade e 15 horas na Praça do Campo Grande.
São Luís – MA: 15 horas, concentração na Praça Deodoro.
São Paulo – SP: 15 horas, concentração na Praça da Sé.
Teresina – PI: 16 horas, concentração em frente ao Hiper Bompreço.
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