Por Reage Petroleiro
LIQUIGÁS: PRIVATIZAR FAZ MAL
Subsidiária direta da Petrobras, a Liquigás é uma empresa que atua no engarrafamento, distribuição e comercialização de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), também conhecido como gás de cozinha, e está presente em 23 estados brasileiros (exceto Amazonas, Acre e Roraima), cobrindo 83% dos municípios do país. Sua participação no mercado nacional é de 22,6%, atrás apenas da Ultragaz (23,1%).
Com um lucro líquido de R$ 114,3 milhões em 2015 (116% superior ao lucro de 2014) e vendas de 1,7 milhão de toneladas de GLP por ano, é a empresa que regula o preço do GLP no país, permitindo que este seja mais barato para o consumidor, o qual precisa do gás de cozinha no seu dia a dia. O preço de venda deste gás tem um impacto relevante na vida de famílias de baixo poder aquisitivo.
As transações em torno da venda da Liquigás esbarraram no entendimento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma vez que a Ultragaz concentrará o mercado com praticamente 46% das vendas. Outro ponto importante é que o banco Itaú BBA, responsável pela seleção das ofertas para aquisição de 100% da Liquigás, é sócio do Grupo Ultra, que representa a Companhia Distribuidora Ultragaz.
Isso não deveria ser proibitivo para a participação deste banco no processo de privatização? Outra polêmica é o fato de que o atual diretor financeiro da Companhia, Ivan Monteiro, foi membro do Conselho do grupo Ultra até fevereiro de 2015.
Importante salientar que a empresa conta com 4617 revendedores e 21090 clientes granel, faz 33463 entregas de granel por mês e conta com uma força de trabalho de 3188 empregados próprios (dados de 31/12/2015). Sabemos que o primeiro efeito de qualquer privatização é a demissão de muitos trabalhadores e a redução de salário daqueles que permanecem, com posterior queda na qualidade dos serviços prestados.
Destaca-se que a Liquigás foi vendida por R$ 2,67 bilhões, praticamente pelo mesmo valor corrigido de sua aquisição, através da Agip, em 2004 (U$ 450 milhões).
Mesmo considerando que os 1600 postos de gasolina adquiridos na transação foram transferidos para a BR Distribuidora, a Liquigás foi a empresa do setor que mais investiu em melhorias e inovações, trabalhando para expandir sua cobertura para atendimento de 100% dos municípios dentro de sua área de atuação, além da aquisição de novos botijões e implementação de novas tecnologias. Sua venda representa um grande prejuízo para Petrobrás e para o povo brasileiro.
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