movimento

É hora de fortalecer a contraofensiva à extrema-direita!


Publicado em: 10 de julho de 2025

Movimento

Resistência e Insurgência ANDES

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Movimento

Resistência e Insurgência ANDES

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Eline Luz/ANDES-SN

Ouça agora a Notícia:

O ANDES-SN é o maior sindicato de docentes do magistério superior da América Latina. Representa uma base de aproximadamente 70 mil docentes, sendo uma das mais importantes ferramentas de luta da classe trabalhadora brasileira. Um sindicato que se forjou no enfrentamento à ditadura empresarial-militar, que defende uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade socialmente referenciada, e que tem atuado com coerência na defesa dos direitos da categoria docente e na luta contra todas as formas de opressão.

Neste momento da posse da nova diretoria, saudamos e agradecemos o trabalho realizado pela diretoria que finda o seu mandato e a parabenizamos por ter contribuído para preservar nosso sindicato no campo da luta, em tempos tão adversos para a nossa classe.

Para nós, da Resistência-PSOL e da Insurgência-PSOL, em processo de fusão, e que integram o Coletivo ANDES de Luta e pela Base (ALB), a vitória da Chapa 1 nas eleições do ANDES-SN, biênio 2025-2027, reafirmou o perfil classista, autônomo, combativo e diverso deste importante SINDICATO NACIONAL. Ela também consolidou uma história marcada pela construção política de base, pela coerência na defesa dos direitos da categoria docente e do conjunto da classe trabalhadora.

Essa foi uma vitória da militância que entende a importância da unidade da classe trabalhadora para derrotar o neofascismo, reconquistar e avançar na luta por direitos. Uma vitória da luta com independência de classe e sem sectarismo, de companheiras e companheiros que sabem que é da unidade entre explorados e oprimidos, e não do isolacionismo, que virá a possibilidade de vitória sobre o neofascismo! Passadas as eleições, uma tarefa urge: unir as forças de nosso sindicato no enfrentamento ao neofascismo; na defesa do serviço público e da recomposição do orçamento das Universidades públicas (federais, estaduais, distrital e municipais), Institutos Federais e CEFET; na luta por melhores condições de trabalho e de vida a docentes, discentes, técnicos administrativos em educação (TAE), demais trabalhadores e comunidades abarcadas pelas referidas instituições de ensino.

Com muito orgulho, reivindicamos a importância de termos, pela primeira vez em nosso sindicato, um presidente autodeclarado negro, oriundo de família de acampado urbano e da carreira EBTT (educação básica). Sem dúvida, esse é um avanço fundamental na prática política do nosso sindicato; avanço resultante da organização de docentes negras e negros na base da nossa categoria e das lutas do movimento negro!

Nosso companheiro, bem como a companheira BIA, são militantes dedicados, comprometidos com a luta de nossa classe, sempre prezaram pela construção coletiva, pela unidade da categoria, com seus coletivos sindicais organizados na base do ANDES-SN e demais atividades. Expressa, da mesma forma que o conjunto da diretoria eleita, um perfil militante fundamental para seguirmos avançando na unidade com os movimentos sociais e sindicais nos desafios postos.

Importante também ressaltar a presença, de forma paritária, de mulheres de muita garra, que expressam a diversidade também de identidades de gênero e orientações sexuais, bem como de raça, etnia e território, e que são grandes referências das lutas do movimento docente, das lutas feministas, antirracistas, antiLGBTI+fóbicas, anticapacitistas e contra quaisquer formas de exploração e opressão.

Numa quadra de avanço global da extrema-direita e do seu braço neofascista, destacamos a centralidade da resistência da luta Palestina, enquanto bússola moral de nossos tempos. Neste sentido, é premente que o governo brasileiro corte quaisquer tipos de relações com o Estado genocida de Israel. Reiteramos também a relevância de medidas de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) e da nossa posição, enquanto ANDES-SN, de apoio e solidariedade irrestritos, ativos e altivos com a luta anticolonial por libertação e autodeterminação Palestina. É muito expressivo, aliás, termos uma diretora Palestina a integrar a nova diretoria, como um indicativo concreto de que a referida bússola seguirá orientando o nosso sindicato nacionalmente e internacionalmente.

Este fio condutor reacionário, com ramificações neofascistas, vai da Palestina às nossas periferias, inclusive nas balas e instrumentos bélicos que perfuram corpos de jovens negros e periféricos, como o caso recente de Guilherme Dias Santos Ferreira, morto pela polícia ao correr para pegar um ônibus e ser confundido com um bandido. Também atravessa e faz tombar corpos LGBTI+, como o de Fernando Vilaça, de 17 anos, que morreu após espancamento, com suspeita de homofobia.

Assim sendo, não podemos minimizar o avanço do conservadorismo, do reacionarismo, nas suas variadas facetas, muito menos a sua mobilização por uma extrema-direita bastante organizada e fortalecida nacionalmente e globalmente – vide os recentes ataques de Trump à nossa soberania -, de modo que devemos nos empenhar na construção da unidade para conter e combater tal avanço.

Nesse interregno, vimos aflorar disputas como as que põem, de um lado, o Congresso Nacional, em específico o chamado “centrão” e a extrema-direita, escancarando seu total compromisso com a burguesia e suas políticas anti-povo atacando o governo Lula, no que tange a propostas progressivas, como a taxação de parte do IOF e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil, apontando a construção de uma candidatura à presidência de extrema-direita. Porém, do outro lado, temos os movimentos sociais construindo com o Plebiscito Popular uma ação de frente única de esquerda, classista, ofensiva, ajudando a mobilizar uma parcela da sociedade em torno da ideia do direito à Vida Além do Trabalho (VAT), com o fim da jornada 6×1, e da exigência de que os ricos sejam taxados – e não a classe trabalhadora. Abre-se, portanto, uma nova conjuntura, ainda muito delicada, mas com novas possibilidades de alterarmos a correlação de forças.

Estamos diante de uma oportunidade de retomar as ruas para intensificar a ofensiva política de enfrentamento à direita e a extrema-direita em sua política burguesa violenta contra a classe trabalhadora, a natureza e o meio ambiente, desnudando a luta de classes, apontando a importância da manutenção das posições populares do governo Lula. Basta de concessão ao centrão e à burguesia! Essas concessões, inclusive, realizadas às custas do não cumprimento do programa que o elegeu, têm aberto caminho para o retorno da extrema-direita ao poder central em 2026. Por isso reivindicamos, como exemplos de lutas, o acerto político da greve federal de 2024 e das greves das estaduais, iniciadas em 2023 e que se alastraram por 2024. Além disso, reafirmamos a relevância do enfrentamento à política de austeridade do governo e, em especial, do centrão, bem como outras medidas que retiram direitos, como a proposta de contrarreforma administrativa, a privatização da UEMG pelo governo de Romeu Zema, entre outras.

Dessa forma, podemos atuar de maneira autônoma, fazendo as devidas críticas ao governo federal – e aos governos municipais, estaduais e distrital -, mas sem incorrer em isolacionismo, sem desconsiderar as mudanças conjunturais e as brechas abertas ou minimizando o avanço neofascista.

Neste quadro, a taxação dos super-ricos e a diminuição da jornada de trabalho sem redução de salário são pautas urgentes da nossa classe e servirão não só para atenuar a desigualdade social no Brasil, mas também para o avanço de outras pautas e lutas que apontem não só para a gerência de um sistema em crise, mas para a sua superação. É com mobilização nas redes sociais e, sobretudo, nas ruas, que será possível evitar a vitória da extrema-direita em 2026, apresentando alternativas concretas à classe trabalhadora.

O ato do dia 10 de julho (quinta-feira), realizado em São Paulo e em outras capitais e cidades do país, e, sobretudo, o Plebiscito Popular iniciado no dia 01 de julho, são instrumentos fundamentais para atuação nesta nova conjuntura. O Plebiscito tem sido um espaço de unidade e ação entre os movimentos populares e sindicais, devendo ser fortalecido inclusive pelo ANDES-SN e suas seções sindicais, em conjunto aos movimentos sociais e populares.

É tarefa primordial desta nova diretoria unir e mobilizar a categoria docente para disputar corações e mentes contra a extrema-direita. Em um momento em que a desesperança e o medo são usados como armas políticas, resultando também em posturas desesperançosas e fatalistas, o Plebiscito se apresenta como uma pauta positiva, pedagógica, capaz de nos reconectar com setores pauperizados da nossa classe, e, principalmente, com as mulheres negras que enfrentam, semanalmente, escalas de trabalho ainda mais desumanas. Cabe ao nosso sindicato ser vanguarda dessa luta, organizando urnas nas ruas e em todas as Instituições de Ensino Superior do país.

Com a força da luta unitária varreremos o neofascismo do país!


Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição