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MUNDO

Dois pesos e duas medidas da política externa dos EUA

André Freire, do Esquerda Online

Desde que Putin ordenou a invasão indefensável de parte do território ucraniano, em fevereiro de 2022, o presidente dos EUA, Joe Biden, tem se colocado como um fervoroso defensor do direito de resistência da Ucrânia e da necessidade do respeito à integridade territorial deste país. Entretanto, a postura histórica – e atual – do imperialismo estadunidense sobre à crescente e criminosa ocupação de Israel do território palestino é totalmente distinta da defendida em relação à Ucrânia.

Longe de defender a integridade territorial da Palestina e o direito de resistência do seu povo, os EUA são o principal aliado do estado racista de Israel e de seu regime de apartheid social. Uma ocupação criminosa e colonialista, que já dura mais de sete décadas, passando por cima, inclusive, de várias resoluções da ONU que, mesmo que timidamente, condenaram a expansão territorial de Israel sob os escombros da Palestina.

Na própria ONU, inclusive, a diplomacia estadunidense vem patrocinando sucessivas resoluções que buscam condenar supostos crimes de guerra da Rússia. Mas, em relação aos evidentes crimes de guerra de Israel, que já duram mais de 7 décadas, os EUA vêm se utilizando do seu direito de veto, no Conselho de Segurança da ONU, para evitar qualquer resolução que ameace mais seriamente os interesses de Israel, seu principal aliado no Oriente Médio.

Os EUA é o principal financiador dos esforços de guerra da Ucrânia, o apoio já ultrapassa os 18 bilhões de dólares. Além de prestar total apoio ao governo ucraniano. Em relação à Palestina a postura é novamente oposta. Segundo fontes oficiais estadunidenses, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, Israel é o país que mais recebeu recursos dos EUA, 260 bilhões de dólares, mais da metade destinados à ajuda militar. E o apoio financeiro e militar a Israel cresceu ainda mais agora, mesmo diante do verdadeiro genocídio que este estado terrotrista vem perpetrando na Faixa de Gaza.

A encruzilhada e Biden e a essência da política estadunidense

Biden apoia veementemente o discurso criminoso de Netanyahu, que tenta se utilizar das recentes ações militares do Hamas para tentar justificar um pseudo direito de legítima defesa de Israel. O que buscam omitir é a já histórica ocupação ilegal e criminosa dos territórios palestinos e o uso desproporcional do poderio militar de Israel contra o Povo Palestino. O que Israel faz na Palestina, hoje e nos últimos 75 anos, não tem nada haver com direito de legítima defesa, mas sim é um dos principais e mais terríveis exemplos de colonialismo e genocídio contra um povo oprimido.

A absurda contradição e incoerência do discurso do governo estadunidense é tanta, que pela primeira vez em 20 anos, segundo uma recente pesquisa do Instituto Gallup, a maior parte dos eleitores democratas, o partido de Biden, apoiam mais à causa do Povo Palestino do que as ações de Israel. Gerando mais uma dificuldade para os planos de reeleição do atual presidente dos EUA.

Na verdade, a essência da política externa estadunidense está longe de ser a defesa da paz, seja na Ucrânia seja na Palestina. O que sempre quer o imperialismo ianque é preservar seus próprios interesses econômicos, militares e geopolíticos, e de seus aliados mais próximos também, como Israel e agora, à Ucrânia. Exemplos de seus crimes são abundantes na histórica: como no uso da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, no patrocínio às ditaduras na América Latina, na Guerra contra o atual Vietnã, nas invasões mais recentes no Iraque e Afeganistão, entre tantos outros exemplos.