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MOVIMENTO

Congresso do SINPEEM é mais uma vez palco do machismo e violência contra mães trabalhadoras da educação municipal

Claudia Souza e Lourdes Quadros (Diretoras do SINPEEM); Katia Marcelino, Kauany Ferreira e Kelly Bianchini (militantes da Resistência)
SINPEEM

O SINPEEM, um dos maiores sindicatos da América Latina, e que representa as/os trabalhadoras/es da educação da maior metrópole do país. Uma categoria que desde os cargos de nível médio aos de gestão é composta majoritariamente por mulheres, há mais de trinta anos tem como presidente a mesma figura masculina, não tendo, portanto, nunca à frente de sua direção uma mulher. O que poderia ser apenas uma simples constatação, infelizmente não é. Este é um fato que reverbera diretamente na ausência de políticas na gestão do sindicato que visem em incluir e/ou potencializar a participação das mulheres trabalhadoras da educação municipal.

Segundo o presidente da entidade, “lugar de criança é na escola” e nós trabalhadora/es da educação não discordarmos desta afirmação. No entanto, trazer a discussão para esse âmbito a torna rasa e simplória, pois entre outras coisas as crianças têm direito a ocupar diferentes espaços públicos e inclusive políticos.

Toda criança é filha /filho de alguém que precisa trabalhar para se manter e manter aqueles que estão sobre sua responsabilidade e muitas vezes para que isso aconteça é necessária uma rede apoio. Apoio este que não encontramos nas instâncias sindicais.

São 32 anos consecutivos em que um espaço de construção de política sindical inviabiliza a participação das mães trabalhadoras, por não pensar e organizar locais adequados para receber crianças e consequentemente suas mães, além de por muitos momentos transforma-se num ambiente hostil à participação feminina, principalmente quando esta expressa divergência à política aplicada pela direção majoritária do sindicato.

É necessário portanto, pensar ações que saiam do campo das ideias e passem a ser implementadas nas práticas sindicais, que busquem tornar estes espaços mais inclusivos e acolhedores para crianças, mães, pais, avós ou qualquer pessoa que seja rede apoio ou responsável único por uma criança, de maneira a evitar que situações absurdas, para dizer o mínimo, como a que vivenciamos no 32º Congresso SINPEEM não se repitam NUNCA MAIS.

Um congresso sindical cujo tema era “Educação para um mundo novo” em que ocorre o fato de ser colocar para fora uma avó e solicitado a uma mãe que se retirasse do mesmo, por estarem acompanhadas de suas crianças trata-se de uma violência machista, inconcebível para o ‘novo mundo’ do século XXI, pós tantas e tantas lutas emancipatórias das mulheres.

As pessoas em questão foram violentadas e submetidas à condição de humilhação duplamente durante a realização do congresso, quando interpeladas pela segurança do evento, como na condução do tema na figura do presidente do sindicato.

No 31º Congresso em 2022 , foi aprovado que nos congresso seguintes seria organizado um espaço de recreação para acolher as crianças. No entanto, a direção majoritária do Sinpeem organizou todo o Congresso, a revelia sem debater ou organiza-lo com todas/os membros eleitos da atual diretoria.

Apesar das condições precárias do Congresso que sequer deveria ocorrer naquele local e função da reforma, não se justifica o argumento para não acolher as crianças e ainda causar-lhes constrangimento junto com as suas responsáveis.

A disposição do local permitiria por exemplo, a substituição do espaço “zen de massagens” para as/os congressistas, por um espaço de recreação para as crianças.

Para tanto a concepção anti-machista precisaria estar assimilada pela direção majoritária do sindicato, algo que não se percebe, pois em meio ao debate e a argumentos que não contribuem no avanço da consciência das mulheres trabalhadoras sobre seus direitos de ocupar os diferentes espaços políticos, mas ao contrário, aprofundam reproduções do cotidiano, cujo papel das mulheres que são mães devem ser desempenhados nos espaços privados, inviabilizando sua presença e participação nos eventos e espaços políticos públicos.

Nós da Resistência PSOL não nos calaremos diante de tal barbaridade, seguiremos denunciando e fazendo o debate, para que mudanças ocorram na gestão política do Sinpeem e nos solidarizamos de maneira irrestrita às companheiras que foram excluídas do seu direito de participar plenamente do Congresso de uma categoria majoritariamente feminina.