Independência pela esquerda: O PSOL diante do futuro governo Lula
Publicado em: 2 de dezembro de 2022
Colunistas
Felipe Demier
Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É autor, entre outros livros, de “O Longo Bonapartismo Brasileiro: um ensaio de interpretação histórica (1930-1964)” (Mauad, 2013) e “Depois do Golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil” (Mauad, 2017).
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Felipe Demier
Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É autor, entre outros livros, de “O Longo Bonapartismo Brasileiro: um ensaio de interpretação histórica (1930-1964)” (Mauad, 2013) e “Depois do Golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil” (Mauad, 2017).
O apoio do PT a Lira nos traz à mente a sentença, batida mas precisa, de Gramsci: “A história ensina, mas não tem alunos”. De sua parte, o Centrão – assim como MDB, a direita orgânica tradicional e todos os setores da burguesia que, por ora, se inclinam para uma “união nacional” com Lula – deve cantarolar consigo um verso do poeta dos olhos de ardósia: “te perdoo por te trair”.
É importante a postura do PSOL de não apoiar Arthur Lira em sua reeleição para a Presidência da Câmara dos deputados. “O certo é o certo”, e é certo que a esquerda socialista não deve hesitar um só segundo em, nas ruas e no Parlamento, defender o governo Lula dos ataques neofascistas, do mesmo modo que não deve haver dúvidas quanto a, também nas ruas e no Parlamento, defender os trabalhadores diante de eventuais (e, infelizmente, prováveis) medidas antipopulares/pró-capital advindas do Palácio do Planalto. Para tal, ou seja, para combater o neofascismo bolsonarista e ao mesmo tempo arrancar conquistas sociais que melhorem a vida do povo – e é somente por meio do segundo eixo que o primeiro poderá obter êxito efetivo -, a esquerda socialista não deveria compor o futuro governo, e sim se localizar à esquerda e com independência em relação a este. Jamais criticá-lo junto com a direita, e jamais apoiá-lo quando, em suas propostas, ele junto com a direita estiver.
Como uma verdadeira independência não se negocia, e como na Santa Ceia haverá muito negaceio, não convém sermos mais um apóstolo na mesa onde até Lira já parece arrastar uma cadeira e se enturmar. Haverá muitos cristãos novos, alguns jesuítas e certamente muitos judas. É melhor preservarmos um pouco, ao menos um pouco, do nosso modo de vida essênio. Assim, não é necessário envidar muitos esforços para saber que a tradução da independência política da esquerda socialista no Parlamento não pode ser a sua adesão a qualquer um dos blocos a serem constituídos na casa, nem – óbvio! – o da oposição (de direita), tampouco o do governo (afinal, quem está no bloco do governo é governo, e até as pedras – e o Lira – o sabem).
Leia em inglês: Independence on the left: PSOL facing the future Lula government
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