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BRASIL

Petroleiros apresentam propostas para o Gabinete da Transição na Petrobrás

Natália Russo, Marcello Bernardo e Rafael Prado
Petroleiros protestando em frente a Petrobrás
Agência Sindical

Após o golpe de 2016, o sistema Petrobrás foi desmontado e o petróleo do Pré-Sal foi colocado à serviço dos interesses imediatistas dos acionistas da empresa. A estatal deixou de ser uma importante ferramenta estratégica para o estado brasileiro e se tornou uma máquina de pagamento de dividendos e um balcão de negócios permanente para os privatistas dos governos Temer e Bolsonaro.

Segundo o Observatório Social do Petróleo (OSP), em apenas 7 anos, foram entregues mais de 280 bilhões de reais de patrimônio público para a iniciativa privada. Nesse número estão a venda da BR Distribuidora, a venda da RLAM (importante refinaria da Bahia) e também a entrega de reservas de petróleo do Pré-Sal, dutos construídos pela Petrobrás, entre outros ativos importantes.

A Petrobrás abandonou seu planejamento estratégico que apontava para a construção de uma empresa integrada de energia, com atuação em todas as regiões do Brasil e passou a concentrar sua atuação no Sudeste, com foco na área de Exploração e Produção de Petróleo e com a intenção de se desfazer de metade de sua capacidade de refino, além de abandonar áreas importantes como a distribuição e a produção de fertilizantes. Ou seja, a empresa se divorciou completamente dos interesses estratégicos do país, abandonou o debate sobre transição energética e passou a aplicar o Preço de Paridade de Importação (PPI) em seus produtos, fazendo os preços dos combustíveis dispararem, trazendo de volta a inflação de dois dígitos e fazendo com que muitas famílias tivessem que escolher entre comprar comida ou gás de cozinha.

Parte da tragédia social produzida pelo governo Bolsonaro teve a contribuição de uma gestão privatista dentro da maior empresa (ainda) estatal do país. 

Assim como a maior parte do povo trabalhador do país, quase a totalidade dos sindicatos de petroleiros do país apostaram na candidatura Lula para derrotar Bolsonaro e colocar um fim no desmonte da empresa. Agora, durante o período de transição do governo, é fundamental aprofundar o debate sobre “qual Petrobrás queremos para o povo Brasileiro?”

Para retomar o seu papel a Petrobrás precisa redirecionar o seu Planejamento Estratégico. O governo precisa recuperar o caráter estatal da companhia e reconstruir o Sistema Petrobrás. Isso significa não apenas recomprar ativos importantes, como unidades de refino, mas voltar a atuar na distribuição e no setor de fertilizantes e direcionar a renda da produção de petróleo para setores voltados a pesquisa e desenvolvimento tecnológico como forma de contribuir com o debate sobre transição energética. A Petrobrás, que é vanguarda na produção de petróleo offshore, precisa se tornar referência global também na discussão sobre novas fontes de energia.

Lula deve orientar a União a se posicionar favorável a anulação das vendas de ativos a preço vil nas ações populares movidas pelos petroleiros. Seria fundamental para reverter o desmonte bolsonarista mas também para denunciar para toda população o crime de lesa-pátria cometido pelo atual governo.  É óbvio que com isso o Brasil enfrentará os interesses do mercado financeiro. Mas com o retorno dos investimentos no país, o aumento na geração de empregos e os preços mais baratos de combustíveis, é possível vencer essa batalha com apoio da população que elegeu Lula.

Para reconstruir o Brasil, teremos de lutar por uma Petrobrás para os brasileiros.

Assinam:

Natália Russo, diretora do Sindipetro-RJ e da FNP
Marcello Bernardo, presidente do Sindipetro Caxias
Rafael Prado, presidente do Sindipetro SJC e da FNP