Thiago Brennand, 42, foi preso em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para onde havia viajado no dia 04 de setembro, horas antes de o Ministério Público de São Paulo denunciá-lo por agressão corporal e corrupção de menores. No dia 27, ele teve a prisão preventiva decretada, após não ter se apresentado e entregue o passaporte, tornando-se foragido. Não se sabe quando ele será extraditado ao Brasil.
Thiago, que se apresenta como empresário, viajou após agredir a modelo Alliny Helena Gomes, 37, em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo, crime pelo qual não foi indiciado na Delegacia da Polícia Civil. Alliny teria recusado suas investidas e ele respondeu puxando o seu cabelo, empurrando-a e cuspindo. Em entrevistas, ela afirmou que todos na academia tinham medo dele, por seu comportamento violento.
A exposição do vídeo com a agressão deu visibilidade a mais de 15 denúncias contra o agressor, de mulheres que contam ter sido, entre outros crimes, mantidas em cárcere privado, agredidas e obrigadas a tatuar em seu corpo um símbolo, como um brasão, com as iniciais de Thiago, e a serem filmadas no ato sexual e obrigadas a fazer sexo sem preservativo. Os crimes, em maioria, teriam sido cometidas em uma residência de Thiago, em um hotel de luxo, no interior de São Paulo.
Ele também é acusado de agredir ou ameaçar um funcionário de um clube de hipismo, um técnico de enfermagem dentro de um hospital e de ameaçar o medalhista olímpico Doda Miranda. Seu primeiro registro de violência teria sido 2m 2013, como estudante de Direito, quando puxou os cabelos e ofendeu uma colega de sala.
A mãe do filho adolescente de Thiago procurou uma delegacia após ouvir relato do adolescente de que vinha sendo “espancado” pelo pai, com quem vivia, em outro país. O rapaz chegou a fugir do pai, que o submeteria a violência física e psicológica. Thiago é acusado ainda de corrupção de menores, pois teria incentivado o filho, menor de idade, a escrever ofensas em suas redes sociais contra a modelo agredida.
“Cidadão de bem”
Com toda essa “ficha corrida”, Thiago Brennand é mais um apoiador de Jair Bolsonaro e, em vídeos e declarações repercutidas na imprensa, exibe o ódio e o machismo característico da extrema direita. “Se Deus quiser, vamos vencer no segundo turno”, afirmou, em vídeo divulgado nesta semana nas redes sociais e deletado em seguida.
“Sou branco, conservador, armamentista. Pela família, pela propriedade privada, pela disciplina, pelo respeito ao próximo, pela humildade, por colocar o homem no seu lugar e a mulher também”, afirmou durante o vídeo. Por colocar a “mulher em seu lugar”, entenda-se marcá-las, como se fossem propriedades, roupas ou objetos. A misoginia de Thiago fica evidente quando ele se refere às denúncias das mulheres, que, para ele, seriam “um grupo de prostitutas” que teria se organizado para extorqui-lo, “agremiando-se em torno de uma campanha em cima dessa pauta comunista”, como considera ser a pauta do combate à violência contra a mulher.
Foto: Reprodução.
Em depoimento ao Fantástico, uma das vítimas afirmou sobre a agressão a modelo, na academia. “Eu sinto muito pelo que aconteceu com ela. Mas, se não fosse isso, ninguém ia ter prova visível de que ele é violento, de que ele é um monstro. Então, graças a ela, eu pude falar: ‘Aconteceu comigo, vão acreditar em mim’”.
Thiago chegou a dizer que as pessoas têm inveja. “Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, óbvio. Conservador, sempre”, afirmou. A verdade é que as mulheres não têm inveja de Thiago. Pelos relatos e denúncias, o sentimento é de medo, nojo e revolta. Assim como de todos os machistas e agressores, principalmente os integrantes de uma elite branca e racista, que se sente totalmente a vontade no governo Bolsonaro, como se vivessem no tempo das capitanias.
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