Todas as pesquisas estão apontando que os números de Lula estão oscilando próximos da maioria dos votos no 1º turno na eleição presidencial. Sim, há uma chance real da fatura ser liquidada já. Mas vai depender concretamente, e decisivamente, da mobilização do movimento de massas organizado no Brasil, que protagonizou a campanha Fora Bolsonaro no último período. Ainda que seja pelo caminho institucional de uma carcomida democracia liberal, nunca estivemos tão perto de pelo menos sair da “caverna do dragão”. Falta pouco para encerrar o pesadelo de ver uma família de canalhas neofascistas governando como hienas sarnentas um país de um povo multicultural, pobre e trabalhador.
Os dirigentes e ativistas do movimento sindical precisam convocar os trabalhadores para discutir o futuro do país, colocar de pé comitês de base, ou fortalecer os que já existem. Ganhar a fundo a sua categoria para derrotar Bolsonaro já! Não esperar o segundo turno… As entidades e organizações de estudantes e juventude devem construir uma imensa mobilização para amplificar nos bares, boates, festivais, shows, nas escolas, institutos e universidades a palavra de ordem: Lula no primeiro turno! Todo movimento social organizado das mais distintas lutas e reivindicações que está no campo da esquerda, seja reformista ou revolucionário, precisa nesse momento ajudar a cortar a cabeça da jovem serpente cheia de más intenções que está na Presidência da República envenenando uma nação. Sim, estamos fazendo muita coisa, há uma luta política cheirando pólvora em muitos momentos, mas estamos caminhando para a reta final, está na hora de ligar o modo TURBO!
Não imaginamos em nenhum momento que haverá unidade programática e estratégica na esquerda brasileira por conta de uma unidade para eleger Lula no primeiro turno. Mas é infantil não considerar, que dentro do quadro atual da luta de classes, que a derrota de Bolsonaro no primeiro turno representa uma vitória política da classe trabalhadora e da esquerda brasileira. Não temos o direito de menosprezar os saltos de consciência da classe, mesmo que seja de pernas curtas, mesmo que seja por caminhos nublados… A desmoralização das fileiras neofascistas e reacionárias será maior se não houver segundo turno.
A luta ideológica, as críticas, o debate público e as diferenças de projetos na esquerda devem seguir saudavelmente. Nós só precisamos ter um grande acordo em torno da tarefa imediata sobre o que fazer dia 02 de outubro: DERROTAR ELEITORALMENTE A EXTREMA DIREITA REPRESENTADA PELO BOLSONARISMO!
As próximas três semanas serão dias em que a luta política poderá definir o futuro do Brasil por décadas, pois há um significado para além da simbologia política de não haver segundo turno.
É ou não é importante que um chefe de milícias perca o poder de comandar ministérios, publicar decretos, medidas provisórias, indicar ministros ao STF, nomear reitores, dirigir empresas estatais, comandar um orçamento secreto? É ou não é importante que deixemos de ser representados por um verme parasita, falso moralista que lidera um movimento que conspira noite e dia por um golpe de estado? É ou não é mais seguro para as mulheres, para a comunidade LGBTQIA+, para o povo negro, os povos indígenas e imigrantes que um neofascista vulgar seja demovido do poder? Faz ou não faz diferença que Bolsonaro seja retirado do poder para podermos ter a chance de recuperar os órgãos públicos de fiscalização ambiental e evitar que a “boiada passe”? É ou não é preocupante que a máquina do Estado continue sendo utilizada para fortalecer charlatães da fé em busca de mais poder e grana? Pensemos, tem tudo isso e muito mais coisas em jogo…
Diante desse cenário, o papel que cumpre Ciro Gomes e a da terceira via em geral nesse momento é reacionário, está se propondo a garantir um passaporte para Bolsonaro ir para o segundo turno. Na prática vai garantir que a extrema direita tenha uma segunda chance para continuar lutando pela sua reeleição, isso vai custar caro para a história do PDT e do trabalhismo, e tem potencial para jogar de vez a tradição política da família Gomes na lata do lixo da história. Assim como é preocupante ver organizações comunistas decidirem ficar à margem da luta política mais importante do país desde a queda da ditadura militar, para se apresentar ao debate no interior de seus pequenos círculos de influência. Outro exemplo, é possível imaginar as consequências políticas, se nessa altura do campeonato, a militância do Psol estivesse fazendo campanha para uma candidatura própria sem representatividade?
A extrema direita no Brasil alcançou um público consolidado de 30% a 35% da sociedade, o que é por si só uma ameaça real e permanente à existência física e política das organizações da esquerda brasileira. Não é à toa que já existem partidos da esquerda que estão em vias de cair numa espécie de semilegalidade, em especial após essa eleição e suas regras cada vez menos democráticas. Buscar meios de mudar essa correlação de forças é parte do sentido da elaboração de nossas táticas políticas, a fim de avançar em nosso projeto estratégico. Uma onda de pressão política vai abater milhões de pessoas na sociedade brasileira nos próximos dias, está chegando a hora de decidir, as sensibilidades vão ficar a flor da pele, e tudo indica que vai primar na massa o desejo de encerrar o atual governo… A nossa tarefa é lutar para que o movimento de massas brasileiro consiga impor uma derrota política ao bolsonarismo no 1º turno, provocando as condições para que uma conjuntura menos desfavorável se abra no Brasil! Levantando o orgulho de quem está no dia a dia das lutas sociais e ajudando a consciência da classe a se encantar e se apaixonar novamente pela luta coletiva nas ruas e nas redes.
Quem compreende o significado da derrota de Bolsonaro não pode ficar parado vendo a banda passar, é preciso se jogar no debate público, na família, entre os amigos, no local de trabalho, no futebol, nas aulas de inglês, no culto religioso, nas escolas e em todos espaços sociais que for permitido a conversa amistosa sobre política. Todas as candidaturas que estão com Lula devem se dedicar a vitória no 1º turno, todo movimento social brasileiro precisa ir às ruas, o dia 10 de setembro pode ser o início de uma vitória espetacular contra o capitão do apocalipse brasileiro.
*Membro da direção nacional da Resistência-PSOL
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