Nesta terça-feira, 2, foi apresentado o relatório do caso Gabriel Monteiro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O parecer pede a cassação do vereador bolsonarista por quebra de decoro parlamentar. É preciso uma grande campanha unitária para pressionar a Câmara Municipal do Rio de Janeiro e reverter o signo de violência contra as mulheres em nosso estado.
Entenda o caso
O vereador bolsonarista e pré-candidato a deputado federal Gabriel Monteiro é denunciado por quebra de decoro parlamentar na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. O responsável pela relatoria do processo da Comissão de Ética, o vereador Chico Alencar (PSOL), apresentou relatório pedindo a cassação do vereador nesta terça-feira.
Dentre os fatos que se basearam o processo ético-disciplinar que corre na Câmara do Rio, há acusações de estupro, assédio moral e sexual por diversas pessoas, inclusive servidoras, ex-funcionárias, além da edição e direcionamento de vídeos expondo crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade.
Nos vídeos objetos da denúncia Gabriel Monteiro aparece em relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. O acusado alegou que desconhecia que a menina fosse menor de idade, versão contestada por ex-assessores que afirmam que o vereador sabia que várias mulheres com quem se relacionava eram menores de idade.
Em outros vídeos produzidos para suas redes sociais, o assessor do vereador acusado agride um morador de rua após participar de simulação de furto para uma produção postada nas redes sociais. O vereador argumentou que queria apenas fazer um “experimento social’’. Em mais dois vídeos o vereador contracena com menores de idade e é acusado de manipular as imagens.
A contar da publicação do relatório apresentado por Chico Alencar, Gabriel Monteiro terá prazo de cinco dias para apresentação de suas alegações finais. Após o decurso deste prazo, os sete membros da comissão se reúnem para discutir a punição antes do tema ser votado em plenário, que definirá se o vereador representado quebrou ou não o decoro e, em caso positivo, qual será a pena.
Relatório da comissão de Ética pede a cassação de Gabriel Monteiro
O relatório da comissão de Ética apresentando em coletiva de imprensa na tarde desta terceira-feira consta que os atos praticados por Monteiro “são inquestionavelmente graves” e que o “exercício de mandato público é respeito à dignidade, sobretudo dos mais vulneráveis, e não postura de manipulação, arrogância e mandonismo”.
“É nosso dever dar uma resposta forte e justa. Se não fizermos, estaremos contribuindo para a cultura do estupro e do patriarcado nefasto, infelizmente ainda muito presente em nossa sociedade.”
Apesar do pedido de cassação do mandato de Gabriel Monteiro contido no relatório, aliados do vereador já se articulam no Conselho de Ética para propor uma sanção mais branda, como a suspensão do mandato.
Entretanto, mesmo que a Câmara decida pela cassação, o vereador bolsonarista poderá disputar normalmente as eleições de outubro caso obtenha o registro de candidatura a deputado federal aprovado pela Justiça Eleitoral antes disso.
Toda nossa solidariedade a Chico Alencar
Chico Alencar tem sofrido ameaças nas redes sociais e por aplicativos de mensagem de apoiadores de Gabriel Monteiro. O vereador do PSOL se torna mais uma vítima da escalada de ódio e conservadorismo que se alastra no Rio de Janeiro. As milícias, com seus representantes, utilizam da violência para a proteção de estupradores que utilizam seus cargos para obtenção de privilégios e assédios.
Chico é um companheiro de longa trajetória nos movimentos sociais, preservando sua ética e coerência política em tempos onde muitos veem o parlamento como forma de benefício pessoal, e não como a prestação de um serviço público temporário à população, que requer uma postura solidária e exemplar, como afirma o próprio Chico. Não devemos nos intimidar por ameaças daqueles que querem vencer impondo o medo como política. Nós da Coletiva Feminista prestamos total solidariedade a Chico Alencar.
Menos assediadores e mais feministas na política! Pela cassação de Gabriel Monteiro!
Diante do aumento expressivo dos casos de feminicídio e de violência contra mulheres no estado do Rio de Janeiro conforme apresentado em artigo anterior, é urgente que o conjunto sa sociedade, não somente as mulheres, repudie que ainda haja espaço para estupradores e assediadores na política, perpetuando a cultura do estupro desde as instituições do Estado.
Atualmente somos sub-representadas em todas as esferas. Segundo a pesquisa da Casa Fluminense, apenas 4 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro contam com mais de 10% dos candidatos eleitos sendo do sexo feminino. A ausência de mulheres nestes espaços prejudica a idealização, construção e implementação de políticas públicas voltadas à proteção de meninas e mulheres, que precisam ser urgentemente fortalecidas!
Neste contexto, a conclusão do caso Gabriel Monteiro, com parecer da Comissão de Ética e votação pelo plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, será uma sinalização para o conjunto da sociedade sobre os rumos da política carioca. Se seguiremos perpetuando e naturalizando a violência contra as mulheres ou se a voz do movimento de mulheres, que ecoou nas lutas contra Bolsonaro e pela vida das mulheres, irá prevalecer.
Nós da Coletiva Feminista, ao lado do movimento de mulheres, do PSOL e todos comprometidos com a vida das mulheres, não mediremos esforços pela cassação de Gabriel Monteiro e o impedimento de sua candidatura em uma grande campanha unitária. Com a pressão e a força do feminismo, arrancaremos essa vitória.
Menos assediadores e mais feministas na política!
Pela cassação de Gabriel Monteiro!
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