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OPRESSÕES

Brigue e lute como uma mãe negra. Junte-se a elas!

Martina Gomes, de Santo André, SP
Reprodução/Redes sociais

Atriz Giovanna Ewbank confronta racista que atacou seus filhos

Lute pelos que estão vivos
Débora Maria, Movimento Mães de Maio

Domingo, 31 de julho de 2022, acordo e as redes sociais tomadas pela cena da atriz Giovanna Ewbank xingando aos berros uma mulher branca em Portugal por ter desferido termos racistas em relação aos seus filhos  Bless e Titi.

Algo de diferente naquela cena, as sinapses do meu cérebro identificavam o xingamento, mas algo estava “fora da ordem natural das coisas”. O estranho não era a mulher racista, não seriam as crianças, mas sim a sujeita da ação de xingamento: a mãe. Dessa vez, ouvia-se o grito de uma mulher branca, aos berros defendendo seus filhos negros. Logo, minha memória vinculava aqueles gritos, tão familiares pra mim, às mães de Manguinhos, às mães do Jacarezinho, aos gritos de minha mãe e minhas tias. Mulheres negras, mães que defendem a memória de seus filhos. Sim a memória, pois seus filhos negros, em sua maioria, não se encontram mais nesse plano. Assassinados pela narrativa da “guerra ao tráfico”, o Estado mata crianças e jovens negros todos os dias.

Fogo nos Racistas, frase proibida pela justiça. Mas quem não quer botar fogo no mundo quando vê seu filho ser humilhado e morto por ser negro? Giovanna quis. Giovanna experimentou as nossas dores, infelizmente. E eu me solidarizo com a legítima dor dela, em especial com seus filhos. Ela mulher branca, rica, diferente das mães negras citadas acima, mas compartilhamos um sentimento de injustiça e raiva desse sistema cruelmente racista que vivemos.

A voz da Giovanna está se espalhando pelo mundo através das redes sociais. Que a dor e a revolta da Giovanna toque corações brancos em uma rede de solidariedade contra esse mundo racista que mata nossas crianças.

Não, você não precisa ser uma mãe negra para lutar como ela. Você pode entender que pra acabar com o racismo não basta a indignação negra, você precisa entender que a chave para acabar com o racismo é exatamente essa: todos odiando o racismo e abrindo mão do privilégio imediato que isso traz nas suas vidas. Uma consciência coletiva, ser antirracista é agir contra o racismo. Angela Davis já disse isso e Giovanna Ewbank ilustrou.

Marcado como:
Racismo