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BRASIL

É preciso derrotar Bolsonaro e Cláudio Castro nas eleições e parar o massacre contra o povo negro

Coordenação estadual Resistência/PSOL RJ
Selma Souza / Voz das Comunidades

A história do Rio de Janeiro é marcada por assassinatos e torturas contra a população negra e pobre. A cidade foi a principal porta de entrada de pessoas escravizadas no Brasil. Episódios como os massacres de Vigário Geral (1993), com 21 mortos; Complexo do Alemão (1994), com 14 mortos; Vila Operária, em Duque de Caxias (1998), com 23 mortos; Senador Camará (2003) com 15 mortos; Vidigal (2006), com 13 mortos; Catumbi (2007), com 13 mortos; Complexo do Alemão (2007), com 19 mortos; Fallet (2019), com 15 mortos; Jacarezinho (2021), com 28 mortos e agora o da Vila Cruzeiro, na Penha (maio de 2022), com 25 mortos, são algumas das várias chacinas na história do Rio de Janeiro. Todas têm em comum a classe social e a cor das vítimas, em sua maioria pessoas pobres e negras.

Desde que Cláudio Castro assumiu já foram 330 mortos em 74 operações policiais.

Se alguém tinha dúvidas que o governador Cláudio Castro não fosse seguir a política de Bolsonaro, as chacinas do Jacarezinho, Complexo do Salgueiro (São Gonçalo), Catumbi e agora Vila Cruzeiro estão aí para provar o contrário. Em matéria no jornal Folha de S. Paulo o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismo da Universidade Federal Fluminense afirma que desde que Cláudio Castro assumiu já foram 330 mortos em 74 operações policiais. Sua política de segurança responde à lógica do extermínio.

Castro não é só o líder de um governo assassino. Ele atacou direitos dos servidores, mudou a regra de aposentadoria, acabou com triênios para novos concursados e privatizou a CEDAE, usando os recursos da venda para buscar sua reeleição. A saúde, a educação e o transporte estão abandonados. Foram proibidos novos concursos para áreas fundamentais, como assistência social e meio ambiente, fragilizando ainda mais os serviços públicos.

O Estado do Rio é dominado por corruptos, milicianos e traficantes. Não existem direitos democráticos mínimos em algumas regiões, pois a lei da força implementadas por grupos paramilitares silenciam a população. As pessoas não podem escolher onde comprar seu botijão de gás, que internet assinar ou mesmo em quem votar. É importante destacar a violência sexual contra as mulheres nestes territórios, por parte de soldados do tráfico, milicianos ou mesmo policiais. Nesses territórios os corpos e as vidas das mulheres, dos negros e dos LGBTQIA+ são mais ameaçados. Tudo é controlado por bandidos que tem relações íntimas com os governantes e políticos. O que explica, em parte, o apoio de parte da população às operações de guerra como a do Complexo da Penha.

Derrotar Castro no Rio de Janeiro é tão importante quanto derrotar Bolsonaro no Brasil. Aqui é o berço do bolsonarismo.

Derrotar Castro no Rio de Janeiro é tão importante quanto derrotar Bolsonaro no Brasil. Aqui é o berço do bolsonarismo. Foi onde o vizinho do presidente saiu de casa para assassinar Marielle Franco. É aqui onde essa corrente neofascista possui mais enraizamento, impulsionado pela presença nas forças de segurança, pelo apoio de lideranças religiosas conservadoras. Com essa força, construíram uma aliança com caciques da política fluminense, em uma espécie de consórcio, loteando recursos e poder político e eventualmente ejetando adversários, como Witzel. E com acordos até mesmo com figuras como André Ceciliano (PT), presidente da Alerj. Para começar a derrotar estes poderes, é preciso muita luta direta contra esse governo, mobilizando os trabalhadores e a juventude, e também aproveitar as eleições, terreno privilegiado, no qual concretamente será possível abalar o controle político do bolsonarismo e aliados sobre o estado.

A parte central da disputa contra o fascismo e seus aliados hoje se dará nas eleições, tendo repercussão e também refletindo a nossa capacidade de mobilização nas ruas. O PSOL, que é alvo preferido do bolsonarismo, como revelam os recentes ataques contra Renata Souza e Benny Briolly, decidiu que também estará na campanha de Marcelo Freixo para governador. É hora de somar forças. A candidatura de Marcelo Freixo não é a que sonhamos, e, inclusive, ele cometeu um grave erro ao deixar o PSOL e aderir ao PSB, um partido burguês, com uma estratégia de uma frente ampla e um recuo programático agudo, se compararmos às suas outras candidaturas à majoritária. Por isso, não achamos que se aliar a setores da burguesia resolverá as necessidades da população pobre do Rio de Janeiro, ao contrário, devemos nos contrapor a esses limites sobre a nossa independência de classe.

O PSOL decidiu também apresentar um programa próprio nas eleições. Isso é fundamental, pois não acumulamos o mesmo programa que a frente ampla

O PSOL decidiu também apresentar um programa próprio nas eleições. Isso é fundamental, pois não acumulamos o mesmo programa que a frente ampla, com consultores como Armínio Fraga, ou mesmo das experiências petistas. O PSOL deve fazer essa campanha apresentando um programa de transformações profundas, que combata a desigualdade social, combata o desemprego (o Rio de Janeiro é o segundo estado do país com mais pessoas sem emprego!), a fome, a retirada de direitos sociais, e contra toda forma de exploração e opressão. Também é essencial denunciar e dialogar com a população sobre a farsa da política da guerra contra as drogas, que nada mais é do que uma justificativa para armar o Estado, gerando ainda mais controle político, violência e morte nas favelas. Política que não começou com o bolsonarismo, mas foi acentuada durante o governo Cabral, apoiado, inclusive, por partidos de esquerda. É fundamental, portanto, apresentar um programa de esquerda que tenha como base o acúmulo dos movimentos sociais combativos da classe trabalhadora, apresentando uma agenda na área de segurança pública, saúde, educação, meio ambiente, opressões, numa contraposição às candidaturas do empresariado, do tráfico e das milícias. Nosso partido vai seguir na luta junto com os movimentos sociais.

Hoje Marcelo Freixo é o único que tem alguma chance de derrotar Castro nas eleições e mudar alguma coisa nessa triste realidade que nosso estado se encontra. Não é, portanto, uma tarefa menor fazer sua campanha e lutar para que vença. O Brasil e o Rio de Janeiro não aguentam mais quatro anos de Bolsonaro e Castro. Por isso, vamos votar e fazer campanha por Lula e Marcelo Freixo, com um programa e a cara do PSOL.