Os atos do 8M reuniram algumas milhares de pessoas nas principais cidades europeias. Na Itália, os atos ocorreram em Turim, sob um frio de cerca de 7°, às 16h, e em Roma, às 17h. Após as concentrações e depois as passeatas das feministas e transfeministas no 8M, dia internacional de luta das mulheres.
Em Portugal, os atos ocorreram em diversas cidades, como Coimbra, Porto, Braga e a capital, Lisboa, onde a passeata ocorreu no final da tarde, entre o Largo Camões e o Palácio de São Bento, com milhares de pessoas, com palavras de ordem como “Deixa passar, sou feminista e o mundo vou mudar”. (Veja fotos do ato em Lisboa)
Em Turim, a passeata (il Corteo) concentrou-se na Praça XVIII de Dezembro e depois percorreu o centro histórico da cidade, com cerca de mil participantes; em Roma o ato concentrou-se na Praça da República e reuniu milhares de pessoas, sobretudo mulheres. Tanto em Turim quanto em Roma as passeatas tiveram as jovens mulheres do movimento Non Una di Meno (Nenhuma a Menos) na sua direção que foi partilhada com outros movimentos sociais; o Non Una di Meno é um movimento também com grande importância em países da América do Sul.
Em Turim e Roma as feministas portavam cartazes cortados na forma de uma Matrioska (a tradicional boneca russa em que uma é posta dentro da outra), com feições de várias mulheres, dentre elas árabes, com burkas, africanas e ocidentais. As palavras de ordem da manifestação juntavam às pautas feministas a denúncia da guerra em curso no velho continente.
Nas duas cidades italianas que acompanhamos, as faixas que abriam as passeatas diziam: GUERRA à GUERRA – 8M e GREVE TRANSFEMINISTA CONTRA A GUERRA! Em Roma, segundo o Non Una di Meno, realizou-se grande passeata com milhares de mulheres a combater o patriarcado e suas guerras sempre tão destruidores de tudo e, em especial, da vida das mulheres.
Em Turim, no manifesto de convocação do Non Una di Meno, lê-se:
“O nosso oito de março de luta é também um grito altíssimo e feroz contra a invasão da Ucrânia, contra todas as guerras e contra todo o imperialismo. A guerra é uma das tantas faces da violência sistêmica e do patriarcado e nós a refutamos de modo radical.
A violência da guerra e do imperialismo terá consequências a longo prazo sobre territórios e pessoas, em particular sobre as mulheres e sobre as pessoas de livre subjetividade, sobre pessoas migrantes e refugiadas. Um impacto devastador que se unirá com aquele provocado por dois anos de pandemia. Também no ocidente privilegiado, a guerra agravará a crise econômica que recairá, sobretudo, sobre as categorias sociais mais débeis em nome do interesse de poucos.
Em um conflito militar, mulheres, crianças e pessoas de subjetividades não binárias correm ainda mais o risco de que nossos corpos se tornem terrenos de conquistas de guerra e de violências. (…)
Não estamos com Putin e não estamos com a OTAN! Denunciamos como abominável a possibilidade de que, como aconteceu nestes dias, a ameaça nuclear recaia sobre toda(o)s nós, enquanto a Itália e a Europa – agora oficialmente em guerra com Putin – exercitam retórica beligerante e animam o debate público que faz subir as despesas de guerra.
Nossa greve feminista e transfeminista é contra a violência patriarcal em todas as suas formas – sexismo, classismo, racismo, nacionalismo, colonialismo, beligerância. Juntas podemos superar essa violência para construir uma realidade sem opressão, exércitos e fronteiras.
Contra todas as GUERRAS- Non Una di Meno-Torino”.
Confira fotos das mobilizações:
ROMA (fotos de Vanessa Dalcanal)
TURIM (fotos de Sara Granemann)
LISBOA (fotos de Eleonora Tulumello)
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