Nesta quarta-feira, 11, o preço médio da gasolina vendida pela Petrobrás passará de R$ 3,09 para 3,24; e o do diesel subirá de 3,34 para 3,61. O reajuste irá implicar em nova elevação dos preços nos postos de combustíveis em todo o país, de cerca de 8%. Mas o reajuste não é provocado apenas pela PPI, a política de preços imposta desde o golpe de 2016, e que impõe reajustes constantes, para acompanhar os preços internacionais e as variações do dólar. O processo de desmonte da empresa, com venda de refinarias e subsidiárias, também tem impacto no resultado final, como vemos no caso de Sergipe e Bahia.
No final de novembro a Petrobrás concluiu por completo o primeiro processo de privatização de uma refinaria de petróleo estatal no país. A antiga RELAM – Refinaria Landulfo Alves, agora Refinaria Mataripe, passou a ser gerida pelo empresa Acelen, ligada ao fundo árabe Mubadala. Ela foi a primeira e é atual segunda maior refinaria do país, sendo central para o abastecimento de combustíveis nos estados da Bahia e de Sergipe.
Mal se instalou, já mostrou pra que veio. Aumentou os preços dos combustíveis no primeiro dia do novo ano. Aumentou em R$ 0,20 por litro a gasolina que refina, R$ 0,13 no Diesel S10 e R$ 0,15 no Diesel S500. Como a empresa anunciou em centavos e não em porcentagem, como faz a Petrobrás, o DIEESE fez esse cálculo: “o reajuste da gasolina efetuado pela Acelen foi de 6,98% e o do diesel, 4,14%”.
Segundo o Sindipetro: “Em comparação com as 12 refinarias da Petrobrás, a Landulpho Alves privatizada é a que oferece ao mercado a gasolina e o diesel mais caros, deixando os baianos sem alternativa. Antes da Acelen, a gasolina na Bahia estava um pouco abaixo dos R$ 7,00, agora, com este reajuste, em praticamente todos os postos da capital e do interior da Bahia, a gasolina já ultrapassa os R$ 7,00, chegando a R$ 7,49 em alguns postos da cidade de Vitória da Conquista.”
A política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobrás desde o governo Temer já tem resultado em preços exorbitantes, incidindo fortemente na inflação. Uma política de preços totalmente dependente do mercado internacional, vinculada diretamente ao dólar e ao preço internacional do petróleo. Um país autossuficiente em petróleo poderia baratear essa commodity para o mercado interno, reduzindo custo de vida do seu povo. Mas a atual política da Petrobrás só visa favorecer o lucro dos grandes acionistas.
Não bastasse esse cenário, que tem transformado os combustíveis (e tudo que dele depende) em um peso para a população mais pobre, o processo de privatização em curso da Petrobrás pode tornar tudo ainda pior. A Acelen tem hoje praticamente um monopólio no abastecimento de combustível na Bahia e em Sergipe, por isso pode adotar uma política de preços ainda pior que a da Petrobrás, o que já está começando a fazer.
A Petrobrás prevê a privatização de mais sete refinarias: Unidade de Industrialização de Xisto (SIX), no Paraná; Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará.
É preciso cancelar imediatamente o processo de privatizações no país e mudar a política de preços dos combustíveis. Precisamos e podemos ter gasolina e gás de cozinha baratos para nossa população, ao mesmo tempo em que de fato se trabalhe para ampliarmos matrizes energéticas renováveis, menos poluentes e mais baratas.
Comentários