Nesta sexta-feira, 10, a Justiça britânica tomou uma decisão favorável a extradição de Julian Assange, 50, para os Estados Unidos. Stella Moris, noiva de Assange, descreveu a decisão do tribunal superior como “perigosa” e um “grave erro judiciário”. “Hoje é o dia internacional dos direitos humanos, que pena. Que cínico ter essa decisão neste dia ”, disse ela, em frente da Corte de Justiça.
A decisão aceita as garantias do governo norte-americano de que Assange, fundador do WikiLeaks, não será mantido em condições rígidas e altamente restritivas, como solitárias, a menos “que cometesse um ato no futuro que as exigisse”. O tratamento nos Estados Unidos era a base para a decisão anterior, de janeiro deste ano, que impedia a extradição, diante do risco de Assange cometer suicídio, em função de sua saúde mental após mais de uma década de isolamento forçado, mentiras e uma verdadeira caçada por parte dos principais governos e agências de inteligência.
Nils Muižnieks, diretor da Anistia Internacional, afirmou que as garantias diplomáticas oferecidas pelos EUA de “profundamente falhas”, destacou o risco de tortura e maus-tratos, e voltou a criticar as acusações contra Assange.
Os juízes ordenaram que o caso fosse remetido ao tribunal de Westminster com uma instrução de que um juiz distrital o enviasse ao secretário de estado, que decidirá se Assange deve ser extraditado. Ainda cabem recursos por parte da defesa de Assange, que afirmou que irá recorrer, mas a decisão avança no sentido de atender a exigência dos Estados Unidos.
Rebecca Vincent, diretora de campanhas internacionais da Repórteres Sem Fronteiras, disse que a decisão marcou um “momento sombrio” para jornalistas de todo o mundo e pediu ao governo dos Estados Unidos que desista do caso. Em mais uma coincidência, a decisão ocorreu um dia após o presidente Joe Biden abrir a Cúpula da Democracia, evento que reúne 91 países nos EUA.
Em defesa da liberdade e da vida de Assange
Assange é acusado de conspirar contra o governo norte-americano e de revelar segredos de estado que teriam colocado em risco a vida de agentes e funcionários dos EUA. As acusações são uma grande farsa. O criador do Wikileaks é na verdade um perseguido político e seu “crime” foi ter revelado ao mundo os mais de 25 mil telegramas, fotos e vídeos com crimes de guerra dos EUA e aliados, como o bombardeio de um helicóptero contra civis no Iraque e jornalistas da Agência Reuters e crimes no Afeganistão. As denúncias, iniciadas em 2010 e republicadas em todo o mundo, formam o verdadeiro motivo de sua prisão e tentativa de extradição.
Assim como as denúncias que foram reveladas por um jovem hacker contra Sérgio Moro e a Operação Lava Jato, as revelações do WikiLeaks mudaram os rumos da história. Em vez de perseguir Assange, os governos deveriam responder pelos crimes que cometeram, e deixar de falar em democracia, em fóruns mundiais.
A prisão injusta e ilegal de Assange é antes de tudo um atentado contra o direito inalienável à liberdade de imprensa e, de forma mais geral, um ataque às mínimas liberdades democráticas. Não é preciso concordar com tudo que Assange disse ou fez para entender a importância desta luta democrática. Neste momento, é necessário lutar por sua vida, contra a extradição, pois não faz sentido que ele seja preso e julgado por um país que o tentou matar, e que seguiu tramando contra a sua vida, como revelaram denúncias do portal Yahoo News, e que agora quer condená-lo a penas que somariam 175 anos. Free Assange Já.
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